quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
Querido pai,
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
A eternidade das coisas
Houve breves momentos em que acreditei estar diante do entendimento de conceitos como "para sempre" e "nunca mais". Eles foram: o dia em que fiz minha tatuagem e quando descobri a primeira traição. Já se passou algum tempo desde então e acabei usando essas expressões fortes da boca pra fora, para me referir a situações das quais já nem me lembro.
No entanto, até os dois momentos que melhor resumiam o "sempre" e o "nunca" sofreram um tipo de metamorfose. Percebi que podia, em alguns anos, modificar minha tatuagem, pintá-la em aquarela ou mesmo cobri-la. Quase que por consequência, me veio a cabeça a possibilidade de perdoar a pessoa que me traiu.
E, assim, perceba, até nos exemplos mais canônicos, a eternidade se perde.
domingo, 17 de dezembro de 2023
BGA e crochê e vinho branco e amigo oculto e Tai e Miguel e karatê e quem sabe um karaokê?
Nas últimas semanas estive muito próxima dos meus amigos e isso me fez muito bem, muito bem. Nos encontramos presencialmente na casa do Guimarães para jogar Wingspan, me mandaram mensagem e eu ainda estava no karatê. Saí correndo para me arrumar, a gente cozinhou, comeu, jogamos e ninguém bebeu e rimos como se não houvesse amanhã (até duas da manhã).
Depois teve o aniversário do Rafael, a proposta era peregrinar por 29 bares, mas só conseguimos fechar 12. Bom, pelo menos eu fiz doze, acho que ele fez 13 só por desencargo de consciência. Tive mil confraternizações de fim de ano, algumas que nem pude ir, mas fui convidada! No crochê, no corte e costura, no karatê, no grupo dos esquisitos, no mestrado. Amanhã vou encontrar o Tai pra trocar presente de natal.
Miguel quer marcar mais uma vez no shopping, vi Yasmin um pouquinho no Mc Donald's aqui atrás de casa mesmo. Estou tão rodeada de amor e de boas coisas esse dezembro... Que lindo. Dá vontade de ir num karaokê e cantar mil músicas bobas, sem buscar significados profundos em nenhuma delas. Vou deixar anotado aqui, porque já comecei a cantar de hoje.
- Medo bobo (Maiara & Maraisa)
- Supera (Marília Mendonça)
- Regime fechado (Simone e Simaria)
- Menina solta (Giulia Be)
Quem vê até pensa que eu ouço essas músicas no dia a dia. Elas são ótimas para momentos como esse que eu estou vivendo agora, de só querer cantar alto e exorcizar alguns sentimentos ou só cantar mesmo (?). É possível que nada tenha significado?
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
Bernoulli
O primeiro e-mail eu recebi num sábado pela manhã, achei até que fosse vírus. Eu me lembrava vagamente de ter mandado currículo para uma oportunidade dessas que vem pelo meu e-mail, em sites como Indeed (que acham que eu moro em Curitiba e eu não consigo alterar minha localização de jeito nenhum nas configurações).
Mas tinha que clicar num arquivo word, então fiquei receosa, mas o celular que lute, os endereços de e-mail e assinaturas fofas em imagem pareciam suficientemente boas pra mim. Pois eu cliquei e era verdade, eu tinha uma reunião para a segunda-feira 4/12, bem no meio da tarde, num horário impossível de ir e voltar da UERJ FFP da segunda aula.
Aconteceu de ter uma crise de estômago assim que acordei e nem me levantar da cama, nem para a aula da manhã eu fui. Mas indo nove vezes ou não ao banheiro, me arrumei, me maquiei e me preparei pra entrevista a tarde. Planejei mil vezes o que eu ia dizer, fiz rascunhos, post-its na parede são a minha marca, fala sério.
Alguns dias depois dessa entrevista recebi a notícia de que havia avançado para as próximas etapas (que ainda eram muitas, mas eu tinha avançado e nada disso importava). Comentaram sobre uma prova de quatro horas de duração, um teste comportamental, um de raciocínio lógico e uma entrevista técnica.
Primeiro fiz a prova de quatro horas, nela constava diversos exercícios que avaliavam, respectivamente: meu conhecimento técnico de resolução de questões objetivas e discursivas, de que forma eu montava um gabarito em linguagem acessível ao aluno, de que forma eu desenvolveria uma questão no modelo ENEM e como eu resolveria dois problemas cotidianos da empresa sem afetar o calendário ou o planejamento semanal.
Passei nessa prova também. Automaticamente pensei "Estão me deixando sonhar" e esperei as próximas etapas. Recebi um e-mail com uma lista grande de palavras que eu deveria marcar relacionando conceitos que a empresa e equipe esperam de um profissional no meu cargo, marquei 15 palavras, tentei equilibrar adjetivos de ordem técnica (organizado, disciplinado) e de ordem psicológica (calmo, criativo). Sei lá se isso de adjetivo de ordem técnica ou psicológica realmente existem, mas fez sentido na hora.
Então pensei, "Acabou?" Nãaaaaaaaao. O teste de raciocínio lógico foi o mais interessante, apesar de me deixar muito tensa. Havia perguntas de sequências matemáticas, sequências de imagens, palavras que se relacionavam, premissas que resultavam numa conclusão (verdadeira, falsa ou inconclusiva) e problemas de porcentagem.
Fiz o mais rápido que pude apenas as que tinha certeza de que sabia o que estava respondendo e não chutei aleatoriamente nenhuma pergunta. Sabia que não daria tempo de fazer todas as perguntas, porque eram 50 em 12 minutos, mas que eu tivesse um número grande de acertos no que eu fiz de verdade. Bom, essa foi a minha lógica no teste de raciocínio lógico kkkkkkk
Na entrevista técnica eu falei horrores. As moças me fizeram cerca de três perguntas e me deixaram livre para falar. Esse foi o erro delas, AHÁ! Eu falei um monte. Falei quase tudo que havia anotado nos post-its ao redor do computador, falei que procurei por colegas do mesmo cargo no Linkedin, deixei claras minhas ideias a respeito da educação, dos materiais didáticos e da responsabilidade que a academia tem de devolver para a sociedade o investimento que recebe do governo (principalmente a Letras em forma de conteúdo para o ensino básico). Olha, eu só sei que quando vi o relógio já tinha batido meia hora de entrevista.
Disseram-me que o resultado viria apenas na segunda-feira, porque havia outros candidatos etc. Porém. Porém. Cerca de 40, 50 minutos depois eu recebi uma ligação da Líder da Tribo que estava na entrevista. Ela me parabenizou e explicou que a burocracia não as permitiu esperar até a próxima semana para me dar a notícia, porque queriam que eu começasse JÁ.
E foi assim que eu conquistei a minha vaga de Analista Pedagógico Pleno na empresa mineira Bernoulli. Estou com o coração a mil, tudo que eu quero é honrar essa oportunidade e colher os frutos do trabalho.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
domingo, 10 de dezembro de 2023
Gregor, é você?
Às vezes acho que todas as baratas voadoras que aparecem no verão vêm para se vingar de todas as vezes que eu reclamei do Kafka na faculdade.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
Brincadeira de criança, como é bom, como é bom
Chupar tic-tac de laranja fazendo de conta que era remédio pra crescer e não tomar nem um Buscopan, porque o médico do estômago proibiu.
Detalhe: estou começando a ficar com nervoso de engolir remédio muito grande (cadê o emoji do palhacinho?).
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Querido Deus,
Eu sei que você ouviu minha prece, porque é Deus. Eu não tenho o hábito de me conectar de forma tão fervorosa como hoje, porque não tenho muito a pedir, minha vida é excelente, eu tenho muito. Escrevo para organizar meus pensamentos. Eu sei que você entende a minha cabeça, mesmo tudo estando completamente bagunçado, mesmo as frases se atropelando. Sei também que você sabe da importância que dou para o bem estar físico e psicológico daqueles que eu amo e estão a minha volta. Eu peço pela sua misericórdia e pela sua infinita bondade. Sei que não sou nada e que tudo que eu posso prometer e retribuir é muito pouco. Sei também que a fé não funciona com barganha nem troca do que nós podemos fazer um pelo outro, mas eu te peço mais uma vez.
Amém
terça-feira, 28 de novembro de 2023
Diário de uma professora
Estou com um aluno novo agora, ele tem 15 anos, é muito esperto e tem se soltado mais nas últimas aulas... Passei uma série de frases para conversação hoje que eu passo pras turmas de alunos adultos e não percebi que deixei a frase "Recuerdas tu primera cita?" que é tipo o seu primeiro encontro amoroso e etc. No geral, nas turmas de adulto eles riem, conversam namoral sobre a pergunta em 1 minutinho e passam pra próxima, pq não é o tema da aula, é só pra praticar o verbo "recordar".
Muito bem. Apareceu essa pergunta na aula de hoje e o garoto "AAAAAAAAH, professoooooooora, não tive, nunca terei. Vou ser BV pra sempre, pq quem perde é perdedor"
Depois dessa ele resolveu me responder todas as perguntas de forma 100% sincera e foi uma aula muito engraçada.
Qué prefieres hacer los fines de semana?
- Vou ser 100% sincero, não gosto de fazer nada. Acordo quatro horas da tarde e não faço nada.
- Mas você não sai nem marca nada com seus amigos?
- Eu saio sim, mas só se eles marcarem. Eu não marco nada não.
En qué te inspiras para hacer tus trabajos?
- Eu me inspiro na minha mãe. Porque senão ela me coloca de castigo.
(Guilherme)
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
Três meses para quatro dias
Meu coração se transformou numa passista de escola de samba no momento em que te vi de longe, ainda pegando as malas. Não tinha dúvidas, era você. E olha que eu não sei nem sambar, e olha que só vi passistas pela televisão.
Depois de uma breve e desesperada conversa com o Guimarães sobre ninguém estar com flores no aeroporto, e eu com três girassóis imensos, engoli a vergonha e acenei pra vocês. Mas, quem se importa? "Só se vive uma vez".
A verdade é que se fecho meus olhos, consigo ver detalhes bem pequenos dessa viagem, posso narrar cada um deles. Por muitos dias fiquei imaginando como seria invadir o seu banho e fazer carinho com o sabonete, com a água caindo. Engoli a vergonha e entrei, "só se vive uma vez".
Mesmo estando na primavera, os dias foram curtos e as noites longas. Era difícil colocar a cabeça no travesseiro e saber que as distancias tinham se encurtado. Era só um Uber, era só pegar o metrô. Foram dias muito felizes, eu só queria te ver feliz. Depois de muito engolir vergonhas, não consegui engolir o choro, desculpe por isso. É que ao contrário do "só se vive uma vez" que é um pensamento motivador, "eu não sei quando vou te ver de novo" é bastante assustador.
Muito obrigada por tudo, muito obrigada pela sua companhia, carinho e esforço. Obrigada pelas conversas, pela preocupação, por ter vindo, por ter se desafiado, por ter confiado em mim para me contar pensamentos tão íntimos, por ter se entregado.
Nunca fui triste.
sábado, 11 de novembro de 2023
Show do RBD
Eu estava sozinha no dia que vai ficar marcado na minha história. Saí de casa ainda sem saber se acertaria o caminho e se haveria arrastão na volta. Mas nada disso importava, eu peguei um livro, coloquei na bolsa e fui, mesmo com medo, mesmo ainda sem saber se entraria no estádio, porque até esse risco eu corria.
Eu sei que fui e que só abri o livro para pegar meu ingresso que passou. Fiquei completamente incrédula e depois só chorei. Afinal, ia acontecer, estava acontecendo desde janeiro na minha cabeça, eu só não estava colocando fé de que tudo daria certo.
Então eu conheci desconhecidos e foi tudo bem, eu estava lá, eu cantei todas as músicas, eu chorei em algumas delas e ressignifiquei algumas letras. Músicas de amor são mesmo diferentes aos 10 e 28 anos.
Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava ver o RBD tocar. Se isso não foi um milagre, eu não sei que nome dar. Obrigada...
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
Opa, opa pegou Neeko errada
Queria muito escolher as melhores palavras e tomar as atitudes mais acertadas. Queria ser mais que mediana, quem sabe um pouco mais assertiva e menos faladora de bobagens. Mas estou aqui, só sendo eu, fazendo coisa de eu, coisa não suspeita. Não é Neeko, Neeko? Neeko é a melhor opção. Eu também.
sexta-feira, 27 de outubro de 2023
Capítulo "O valor"
Nada mais vale nesse mundo. A noite bem dormida não vale. O café da manhã não vale. O horário de almoço não vale. O professor não vale. A arte não vale. O conhecimento não vale. O esforço do outro não vale. O tempo do outro não vale. O artesanato então, não preciso nem dizer. A palavra do homem não vale. O sentimento não vale. Meu Deus, o sentimento não vale de nada. O que seria da integridade nesse mundo inóspito, seco, opaco... Sem amor.
quinta-feira, 19 de outubro de 2023
Hein, tio
Eu posso não ter sido bonita, mas eu fui um bom bebê, uma boa criança, uma adolescente comportada. Será que ser bom não vale tanto quanto ser bonito?
terça-feira, 17 de outubro de 2023
A primeira dose
Hoje é um dia lindo para realizar sonhos. Vamos tomar um café e comemorar mais esse passo, que não é o primeiro, já que você vem se esforçando tanto todo esse tempo em mil médicos e burocracias. Estou muito feliz por você, tenho muito orgulho de você, Tai.
terça-feira, 3 de outubro de 2023
Terça sem lei
quarta-feira, 27 de setembro de 2023
Boa noite
Amor é uma coisa estranha, nos deixa sensíveis à gentileza dos outros e nos torna um pouco mais gentis também. Mesmo sendo traídos ou feridos não devemos nos esquecer de amar os outros. Se eu sair e for gentil com um monte de gente e sentir o carinho de um monte de pessoas tenho certeza que as minhas feridas também vão sumir um dia.
terça-feira, 26 de setembro de 2023
Pescador de homens
Meu avô,
Obrigada por tanto. O senhor partiu num dia de sol quente, sem nuvens. Quente, forte, intenso, como o seu amor por Deus e pela sua família. Não poderia ser diferente. Queria conseguir escrever o céu de domingo com as palavras, trazê-lo para o texto para fazer dele um instrumento capaz de despertar o amor íntegro, sincero e digno como era o que você sentia por nós.
Você era reto, vô. Reto nas palavras, nos seus objetivos, no que você pregava e acreditava. Não tinha meias palavras, não tinha dúvida, não tinha contorno. Você ia me buscar na escola para ir pra sua casa nos finais de semana, nós íamos conversando pelo caminho, eu já não me lembro mais sobre o que, mas o senhor falava pra dedéu. Sempre parávamos num sacolão pra comprar uma imensa variedade de frutas pra levar pra vovó, mesmo que pra você só importasse mesmo a banana e o caqui (quando era época).
Você me levou pro hospital quando achavam que eu tinha hanseníase. E ficou lá comigo indo por dias e dias, até que descobriram que era só uma espécie de "pano" na minha pele. Eu lembro quando você ganhou um celular, aprendeu a usar e avisou pra minha avó que estava na frente da "casa de baal" comigo, mas que eu não tinha nada.
Eu também me lembro que você acordava muito cedo, saía pra trabalhar e voltava pra almoçar em casa, dormir um pouquinho depois do almoço. Meu primo e eu tínhamos que fazer completo silêncio e brincar quietinhos pra você poder descansar. E nós entendíamos isso, mesmo sendo apenas duas crianças. Sabíamos que tínhamos que respeitar o sono do vovô e que vovó prepararia aletria ou mingau pra você comer no lanche da tarde.
Você tinha uma coleção inteira de doces em cima do armário, lá em cima. Eu tenho uma coleção inteira de lembranças que não cabem, graças a Deus, só nesse texto. O senhor foi enterrado ontem e entre domingo e hoje, terça-feira, eu já revivi uma vida inteira e envelheci anos com essa experiência. Seu enterro foi muito bonito, se é que isso pode ser dito de um enterro. Quem falou para e sobre você o conhecia e foi isso que mais me impactou, sabe? Falaram sobre sua postura no trabalho, na vida e a Viviane, sua cuidadora, falou sobre você já durante o período do Alzheimer, quando você já falava pouco, mas mesmo assim, chamou pelo meu tio Lúcio. Isso me comoveu muito. Você sabia quem ele era? Teve um momentinho de lucidez e quis chamar pelo seu filho?
Ah, vô. Que bom que você não sente mais a dor da carne, que bom que você não está mais sendo revirado e invadido. Descanse com os anjos e abrace o meu pai assim que puder aí no céu.
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
A camisolinha branca
Comprei uma camisola de algodão branca com renda e bordados de pequenas flores cor de rosa e azuis, com folhinhas verdes ainda menores. Ela não é decotada ou curta, mas tem uma transparência que mostra um pouco da minha silhueta.
Venho guardando essa camisola na gaveta. Ela estava bem enroladinha, lá atrás, atrás de tudo, escondida de mim mesma. Coitada da camisola, tão cheia de sonhos. Eu poderia usá-la em um momento especial, num dia especial. Quando aquilo acontecesse.
Aconteceu de nunca chegar o momento ideal de usar a camisola e ela começar a amarelar. Tirei da gaveta, estou usando hoje, pra ninguém. Pra me lembrar de que os sonhos são meus, a camisola é minha e os momentos especiais, talvez também possam ser só meus.
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
Florescer
É a academia, é a primavera ou é o meu coração?
Todo ano eu vivo essa experiência de sentir o cheiro da mudança da estação. Eu amo o inverno, honestamente o amo. Mas como tudo aquilo que gosto, sinto uma fagulha quando o acaso bem entende que mereço e o verdadeiro inverno só da as graças por alguns dias, mesmo que a promessa seja de 4 meses. Quando ele vai embora, tenho esses pequenos lapsos de cheiros e sensações. O calor agradável da primavera, o cheiro de fim de ano, porque pra mim setembro dá uma guinada e quando vejo já estou embrulhando presentes, arrumando casa e procurando minhas roupas brancas.
Muito bem, reconheço o bem estar do final do ano, a preocupação de dar conta de tudo que preciso fazer, agora com mais meu tão amado e esperado mestrado.
Reconheço o ânimo da academia, com tudo aquilo de hormônio circulando dentro de mim por conta dos exercícios e a vontade de me tornar uma pessoa mais atraente fisicamente usando um bikini ou maiô (vem verão).
Ou é mais uma vez o meu coração dando os pulinhos dele? É pra me sentir culpada por esse sentimento? Eu posso ficar viajando na maionese no meio do meu trabalho porque estou bobinha? E vindo no blog despejar meus risinhos e culpa?
É a academia, a primavera, o meu coração? Ou tudo junto?
quarta-feira, 13 de setembro de 2023
La ventolera
Silba el viento dentro de mí. Estoy desnudo. Dueño de nada, dueño de nadie, ni siquiera dueño de mis certezas, soy mi cara en el viento, a contraviento, y soy el viento que me golpea la cara.
Eduardo Galeano, El libro de los abrazos
terça-feira, 12 de setembro de 2023
Mais uma escrita inconformada sobre o tempo
Algum dia o tempo será suficiente?
Estou tão cansada. Ele está sempre faltando.
Estou tão preocupada. Ele está sempre faltando.
Estou tão... Ele passou.
Eu nem estou mais e ele, impetuoso, me atravessa, como se eu fosse nada. Porque não sou, porque as pessoas não são mais.
Meu útero dá sinais todo mês. Sinais de que o tempo... Adivinha? Passa.
sexta-feira, 8 de setembro de 2023
Metade do meu coração é meu, a outra metade das pessoas que amo
Nos últimos dias me dei conta de que estou sempre comprando presentes para as pessoas. Sempre que tenho uma oportunidade de ajudar, contribuir, fazer uma graça, deixar a pessoa feliz, vou e compro alguma coisa que verdadeiramente esteja ligada a ela. É muito bom quando sei que vai servir. Isso também acontece com artesanato. Tenho alguns (muitos) projetos de artesanato anotados, o estojo com a linha da mãe de Juliane, a capa da cadeira gamer da Camile, a bolsa da Nina, o casaco da Leili de tricô (que eu não faço ideia de como faz, mas que quero fazer um para mim também, como o modelo do Ron e do Harry que a Molly faz para eles de natal, tão lindo, tão terno), o casaco do Howl para o Porto Alegre, a toalha bordada para a casa nova do Gabriel, talvez toalhas combinando para minha mãe e Lester numa linha chique.
Queria conseguir equilibrar melhor os presentes e a dedicação sem me sentir egoísta. Fazer para mim também é um ato de carinho, não é? Está tudo bem querer fazer algo pra mim. Imagino que secretamente posso fazer meu próprio enxoval. Que bom que posso escrever isso aqui...
<3
terça-feira, 5 de setembro de 2023
Diga, parte 2
Tira a maquiagem pra que eu possa ver
Aquilo que você se esforça pra esconder
Agora somos só nós dois
Já podes parar de fingir
Mas cala essa boca e me diz com o olhar
Quem era você até me encontrar?
Se agora és diferente
O que eu fiz que te fez mudar?
Eu lembro dos lábios
Tremendo ao dizer
Eu não vivo sem você
Então diga
Que não vai sair da minha vida
Diga que não passa de mentira
Quando dizem que o amor morreu
Tira essa roupa pra que eu possa ver
Que não há uma arma tentando se esconder
O mal vive num lar perfeito
E sem infiltração
Tira o cabelo da cara e me diz
Se por um segundo quiseste me ver feliz
Ou se és o meu destino
Tentando me dar outra lição
Eu lembro de cerrar os punhos pra dizer
Eu não amo mais você
E diga
Que não volta mais pra minha vida
E que a nossa estrada é bipartida
Esqueça o dia em que me conheceu
Então diga
Que nem todo dinheiro dessa vida
Não vai comprar de volta a acolhida
No peito de quem já foi todo seu
A casa é minha, mas pode ficar
Eu volto amanhã e não quero mais te enxergar
Faça as suas malas e nunca mais volte aqui
E eu juro pela vida da mãe e do pai
Ciente do peso da expressão nunca mais
Volte a oferecer teu corpo a quem preferir
Viver ao lado de quem não tem nada pra dizer
Confesse pra mim de uma vez
Mas diga
Que nunca foi feliz nessa tua vida
Teu texto, teu sorriso de mentira
Pode enganar a todos, não a mim
Então diga
Que essa mão que acena na partida
Por tantos idiotas pretendida
É a mesma que decreta o nosso fim
Assisto ao teus passos como a um balé
Quem vai usurpar agora que ninguém te quer?
A verdade demora mas chega sempre sem avisar
E o grito contido no teu travesseiro
Ecoa nos lares do mundo inteiro
Não tira esse rímel
Pois hoje quero vê-lo borrar
quinta-feira, 31 de agosto de 2023
O luxo do básico
Fazer mestrado, ler textos complexos, escrever dentro de uma burocracia, entender teorias literárias, para conseguir um bom emprego, para ter uma vida digna e simples. Porque pra mim a vida mesmo é feita de comer angu com a minha mãe e fazer biscoitos com a minha sobrinha. É sentar no chão pra fazer crochê e conversar com a minha comadre e quando der pegar um avião pra ver o meu amado amigo em outro estado. (ok, esse último não é básico, mas deveria ser acessível de qualquer forma)
Trabalhar pra conquistar uma vida humilde, batalhar pra pagar alguém que me ajude a entender meus próprios demônios. É tudo um luxo. Saúde física e mental são luxos, comida é luxo, lazer é luxo, estar com quem você ama é luxo.
Querida Catarina,
Tia Mali está estudando coisas muito difíceis para ter uma vida simples com você. Sua mãe me contou que 4:30 da manhã vai entrar numa fila para que você consiga fazer natação nas piscinas do Maracanã ao lado da sua escola. Você não sabe o quanto a sua mãe já lutou por você, pela sua educação e pela sua saúde. A vida aqui no Rio de Janeiro é assim, somos um gado magro que atravessa desertos, porque o pasto só é verde pra quem mora no Leblon.
terça-feira, 29 de agosto de 2023
Hagamos un trato
Compañera
usted sabepuede contar
conmigo
no hasta dos
o hasta diez
sino contar
conmigo
si alguna vez
advierte
que la miro a los ojos
y una veta de amor
reconoce en los míos
no alerte sus fusiles
ni piense qué delirio
a pesar de la veta
o tal vez porque existe
usted puede contar
conmigo
si otras veces
me encuentra
huraño sin motivo
no piense qué flojera
igual puede contar
conmigo
pero hagamos un trato
yo quisiera contar
con usted
es tan lindo
saber que usted existe
uno se siente vivo
y cuando digo esto
quiero decir contar
aunque sea hasta dos
aunque sea hasta cinco
no ya para que acuda
presurosa en mi auxilio
sino para saber
a ciencia cierta
que usted sabe que puede
contar conmigo.
Tomando té, tomándote
Tomando Te
Chava Flores
No quiero tomar café
Porque el café quita el sueño
Lo que quiero es tomar té
Pues tomando té me duermo
Y una vez que te tomé
Yo tan suave te encontré
Que todo el tiempo quiero estar
Tomando té
Tomando té
El doctor que a mí me ve
Al ver mi aflicción exclama
Que yo solo sanaré
Cuando té tome en la cama
Y una vez que té tomé
Yo tan suave te encontré
Que todo el tiempo quiero estar
Tomando té
Tomando té
Ta tudo bem, Rafa
Entendi que as pessoas não aguentam muito tempo alguém triste. E está tudo bem, mesmo.
Desisti de falar que estou mal, porque realmente estou nessa há mais de um mês. As pessoas se cansam, eu também.
Tristeza afeta a nossa saúde física.
Lembro-me de quando eu terminei com meu primeiro namorado e passei o final de semana com febre, feito uma donzela. Lembro-me de precisar tomar remédios de homeopatia, pedir atestados médicos para me afastar do trabalho da editora por uma semana, porque não estava dando conta de idealizar questões e chorar copiosamente ao mesmo tempo. Lembro também de quando o chefe disse palavras duras sobre eu não estar em condições e me incentivar a pedir logo demissão, porque eles não podiam esperar a minha tristeza passar.
Alguns anos se passaram e onde estou agora? No mesmo não-lugar. Mais forte e mais fraca. Mais madura e igualmente doente. Conscientemente doente por tristeza de amor e o frio incomum do Rio de Janeiro que é mais inflamador de corações e pulmões que o de Curitiba.
quarta-feira, 23 de agosto de 2023
D20
Perguntei ao d20 se seria feliz e tirei um 19. É claro. Catarina nasceu nesse dia. Da próxima vez que girar os dados pergunto algo menos óbvio, prometo.
Metade de mim é minha a outra metade dos corações que tento salvar
Eu sou muito boa em gostar e cuidar de pessoas. Muito boa em dar carinho e levantá-las, de onde quer que elas estejam. Mas e eu? Quem, além da minha mãe e Deus, quer tomar conta de mim? Quem quer me cuidar e me amar diariamente? Preciso projetar a mim mesma pra fora, pelo menos metade, pra fazer isso por mim um pouquinho.
terça-feira, 22 de agosto de 2023
Eu ando pelo mundo dessa forma
Esquadros
Adriana Calcanhotto
Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Pra sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carroPela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor, cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Pra sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Quem é ela? Quem é ela?
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor, cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado
Porto Alegre de Curitiba
Você é o tipo de pessoa que eu quero ver feliz. Sem uma razão especial, não precisa ser meu amigo, nem meu parente, nem nada meu. Eu só quero que você seja muito feliz, que a sua vida seja longa e repleta de sonhos. Que você se sinta capaz, digno, merecedor. Que você ame e seja amado, que você veja a beleza do céu, das flores e do seu próprio reflexo.
Eu quero poder fazer algo ativamente pela sua felicidade. Vou escrever textos, te sugerir músicas, poesias e livros. Te conhecer foi obra do acaso, influenciar positivamente a sua vida vai ser algo que eu vou fazer por querer, com muito esforço. Ganbate kudasai.
segunda-feira, 14 de agosto de 2023
Meu tio bronco
Nunca imaginei que meu tio, militar, bronco, "que não é um simples civil", que vive a vida em regras e "SENTIDO" fosse conversar comigo sobre um filme de romance. Aparentemente, ele viu o filme com a minha tia, mas não disse que foi ela quem escolheu. Ele me contou o filme bastante empolgado, mostrando verdadeiro interesse na história.
Ele me deu os principais detalhes, falou sobre o enredo, teceu considerações críticas sobre o final do filme e principalmente sobre o romance entre os protagonistas. Nunca, nunca imaginei meu tio vendo ou recomendando filmes de romance. Ele sempre foi meu tio, figura de autoridade, que às vezes perdia a paciência com meu amado priminho mais novo.
Meu tio não é só o militar que eu achei que fosse. Meu tio chorou e levou a esposa para frente da igreja em que se casaram muitos anos atrás, quando eles tiveram problemas no casamento e pediu que ela não o deixasse. Meu tio nunca me contou essa história, fiquei sabendo por comentários da minha mãe, que soube da minha avó, que talvez seja a única confidente dele.
Meu tio é um universo inteiro de complexidade e ontem eu descobri um grãozinho de areia até então desconhecido.
quarta-feira, 9 de agosto de 2023
Mestrado UERJ SG
Ontem eu vi recebi muitos parabéns de pessoas que não conheço. Foi porque passei em primeiro lugar no mestrado da UERJ. Hoje saíram as notas das avaliações de forma individual, muitos colegas se saíram melhor que eu na escrita do pré-projeto e em notas de arguição oral em diferentes professores.
Nunca fiquei em primeiro lugar em nada na vida, não entendi os parabéns. Todo mundo ali passou, não foi? Por que só o primeiro lugar merece os parabéns quando foi uma mera casualidade de dois décimos? Uma menina deu os parabéns a todo o grupo. Uma.
Hoje eu acordei mole, sem vontade de fazer as coisas. Erika, a cabeleireira, me enviou uma mensagem perguntando como estou, dizendo que vou ficar bem. Fiquei muito surpresa com a mensagem dela, eu não esperava que ela pudesse se importar comigo a ponto de vir me perguntar depois daquele dia em que contou sua história particular de problemas com os homens.
Tudo isso que vem acontecendo com o Elcio me deixou muito confusa, muito abalada, muito maluca. Estou cansada de me sentir assim. Queria ficar feliz com o mestrado.
terça-feira, 8 de agosto de 2023
Álbum de fotos e porta retrato
Uma amiga me perguntou um dia desses pra que o Instagram serve pra mim. Pra que?
Fiquei um tempo pensando na resposta, pensando, pensando. Até que entendi que, pra mim, o perfil do Instagram é uma estante com porta retratos. E as fotos são registros de momentos raros e importantes. O que eu quero guardar no meu álbum particular e o que quero mostrar para as pessoas?
Publicar não é o mesmo que revelar. Publicar é quando a foto já revelada vai para um porta retrato.
segunda-feira, 7 de agosto de 2023
Músicas não religiosas, mas que me parecem cheias de fé
Eu sou a maré viva - Fresno
Vem mostrar, Muéstrate, Show yourself - Frozen 2
Teu nome eu sei - Moana
Oração - A banda mais bonita da cidade
Blue forever - Os cavaleiros do zodíaco
Desidrose
É o nome dado às bolhinhas que nasceram e estouraram na palma da minha mão. Na internet diz que é estresse. Eu não duvido. Mas o que é estresse clinicamente? É excesso de adrenalina? Qual é a substância produzida pelo meu corpo quando meu cérebro está estressado? O estresse é uma agitação combinada com tristeza?
A euforia também nos faz ficar agitados, quando estamos muito alegres. E não produz desidrose. Queria saber.
domingo, 6 de agosto de 2023
Inspirada pela minha professora de artes
Gravando questões, trabalhando com material didático, descobri a obra "Isso não é uma maçã", que parece prima da "Isso não é um cachimbo".
Eu poderia tirar diversos prints de redes sociais e convenções e fazer críticas. Por exemplo, foto da família margarina e escrever "Esse não é o único tipo de família". Ou então foto de companhas de calcinha e manequins de shopping com "Isso não é um corpo". Ou fragmentos de vídeo de unboxing de lojas que ganham milhões com base em trabalho escravo com "Isso não é só um achadinho". Um desenho do logo do whatsapp com "Isso não é veículo jornalístico" ou algo do tipo.
Bom, gostei da ideia. Queria transformar as ideias em algo visual. Queria te agradecer por isso também, Bernadete.
sexta-feira, 4 de agosto de 2023
Lembretes
sexta-feira, 21 de julho de 2023
Eu sou a maré viva
A casa cheia, o coração vazio
O veneno acabou, a festa esvaziou
O tempo da inocência terminou
Os amigos que eu fiz e quem jamais voltou
Ferida que eu abri e a que jamais fechou
Para passar a luz que vence a escuridão
Pra eu tentar aquecer meu coração
Vão tentar derrubar, que é pra me ver crescer
E às vezes me matar, que é pra eu renascer
Como uma supernova que atravessa o ar
Eu sou a maré viva... Se entrar vai se afogar
Eu grito pro universo o meu nome e o seu
Ele vai me escutar
Eu mandei um sinal rumo ao firmamento
Eu forneci a prova cabal desse meu desalento
A sonda vai voar
Até não dar mais pra ver
Levando o que há de bom em mim
Levando pra você
E os que não estão mais aqui
Todos os que se foram
Eles vão me encontrar
Em outra dimensão
Onde não existe dor
Não se declara guerra
Quando estamos em paz
Vão tentar derrubar, que é pra me ver crescer
E às vezes me matar, que é pra eu renascer
Como uma supernova que atravessa o ar
Eu sou a maré viva... Se entrar vai se afogar
Eu grito pro universo o meu nome e o seu
Ele vai me escutar
Composição: Lucas Silveira
terça-feira, 18 de julho de 2023
Coincidência ou não, vai que
Eu desejei com tanta intensidade que ninguém viesse para as aulas hoje que realmente até o momento não apareceu alma viva. Já até chequei o calendário, hoje é terça, dia das turmas OE e BB, eu não estou louca. Como pode todos terem faltado? São o que? Uns dez, onze alunos?
Acho que vou aproveitar e desejar com a mesma intensidade que eu durma e acorde e não esteja vivendo o meu problema pessoal do momento. Será que Deus consegue me conceder só mais esse simples desejo?
Quando não é uma coisa é outra
Como se não bastasse uma vida perfeita pra sonhar, com marido e filho, me fizeram querer também o trabalho perfeito com reconhecimento e tudo.
Socorro, parem.
domingo, 16 de julho de 2023
Deitar cedo num domingo
Já não sei mais com quem falar. Acho que preciso falar um pouco comigo mesma agora, mesmo não querendo repetir a história pela quinta vez.
Estou tão exausta. Exausta por não dormir bem. Por me animar e desanimar pelo meu aniversário, por me sentir culpada porque meu ânimo depende da minha boa relação com outra pessoa.
Abri meus olhos e ouvidos para a Mimi, o Guima, o Miguel e o Porto Alegre. Eu me sinto muito afortunada por ter pessoas tão amorosas e incríveis na minha vida, mas talvez seja a hora de visitar a minha Mari interna e entender o que ela tem a me dizer.
O que eu quero? Sou capaz de confiar? Até quando vou viver nessa aflição?
terça-feira, 20 de junho de 2023
Um mês para meu aniversário
O que eu consigo fazer em um mês?
O que eu quero fazer antes de terminar esse ciclo?
- Fazer uma lista do que quero fazer até o próximo dia 20.
- Lavar a alma do meu quarto.
- Decidir a roupa que vou colocar. (coloquei uma aleatória)
- Participar do processo de mestrado da UERJ Maracanã. (esqueci)
- Não surtar toda semana com meu trabalho kkkkk (surtei)
- Limpar meus sapatos. (não limpei)
- Organizar finanças e programa de aulas. (me perdi nos horários)
- Fazer uma receita. (não fiz)
- Ler um pouco mais. (não consegui chegar na estante)
Minimalismo
Depois de ver muitas séries de arrumação e minimalismo, começo a me despedir de algumas coisas. É um trabalho difícil. O que a Marie Kondo (santa Marie Kondo) faz com as pessoas é tipo um exorcismo, só que feito de um jeito bonitinho.
Eu estou nessa há anos. Cada vez que arrumo o quarto querendo melhorar um pouco mais. Já pensando no futuro, já pensando mil coisas, vou me desfazendo aos poucos, vendendo uma coleção aqui, outra ali. Imagina colocar todas as minhas roupas de uma vez só em cima da cama, que terror.
Espero conseguir me organizar, quero muito ter um ambiente de trabalho limpo e convidativo. Escrevo isso no meio da balbúrdia que está o meu quarto. Noutro dia estava pensando assim "eu já cresci tanto a ponto de não caber mais no meu quarto", não pela quantidade de coisas que tenho, mas pelo espaço que meu corpo precisa para viver, respirar.
Uma tiny house (não muito tiny, com espaços bem definidos e divididos) já resolvia meu problema. É que ter uma coleção de louças japonesas dentro do meu armário não está me ajudando. Isso, é claro, perto das canecas e artigos de decoração do Mickey, das roupas que eu guardo porque um dia vou comprar uma máquina de costura e fazer peças novas a partir de tecidos velhos que tenho aqui. E, claro, dos mil casacos que não uso, porque 1. porque eu sou UMA pessoa e preciso de UM casaco de cada vez e 2. porque moro no fucking Rio de Janeiro e aqui, meu bem, nunca é necessário usar casaco.
Dito isto, reservo aqui minha vontade de fazer um amigurumi da Marie Kondo num padrão de santinha de igreja católica.
segunda-feira, 12 de junho de 2023
Será que eu consigo voltar a escrever?
Me bateu uma saudade muito grande de vocês e das horas que eu passava escrevendo. Será que eu consigo escrever sobre vocês? Será que consigo gostar do que vou escrever sobre vocês?
Eu vou me esforçar bastante, vou sim. Fechando os olhos consigo ver algumas coisas acontecendo, algumas conversas bastante francas. Outras coisas começam a perder o sentido, como que justifica duas pessoas apaixonadas sem se conhecer? Como que...?
Eu vou ter que estudar história? Vou inventar um mundo só meu para que o trabalho de criar um mundo seja mais divertido que usar esse mundo que já existe? Não sei se isso importa muito, só importa essa memória boa de quando vocês viviam intensamente fora da minha cabeça.
É hora de voltar.
Dia dos namorados
Entrei no Facebook para ler uma postagem antiga sobre a Cláudia Rodrigues. Acabei rolando um pouco do feed para ver um pouco de pessoas do meu passado, algumas que já não me lembro o nome. Coordenadora pedagógica do primeiro colégio que eu trabalhei, aquela professora de biologia que às vezes ia pro ponto de ônibus comigo, olha a menina que fazia duas hotelaria e Letras ao mesmo tempo está apresentando projeto em faculdade de outro país. Caramba, mais uma teve bebê, socorro essa já ta no segundo.
Muitas postagens de amor infinito, juras iguais as do ano passado, juras com as mesmas palavras de sempre, tão cheias de sentimento e de pixels. Fotos de casais, fotos de pessoas, fotos de fotos. Pessoas, palavras, pessoas, propagandas. Por que foi um dia tão normal pra mim?
Dei aula, programei post, preparei aula, montei exercícios, cheguei pontualmente na sala. Na sala virtual, claro. Pessoas virtuais, câmeras fechadas, to vendo meu próprio material, "vocês entenderam até aqui?"... Sí, profe. Meus alunos já estão cansados, a aula de espanhol é a última coisa da lista do dia. E eu que trabalho o dia todo porque é a primeira prioridade do meu.
Que dia dos namorados mais curioso. Não to triste, não to jantando, nem escrevendo cartões, não to solteira, não to com meu namorado. Que dia dos namorados com cara de segunda-feira.
segunda-feira, 5 de junho de 2023
Minha relação com a comida
Eu tenho pensado bastante no que a "hora de almoço" representa para mim. Na verdade, a hora das refeições são sempre sagradas. A minha relação com a comida não é mais de necessidade e fome, tem se transformado no único momento de pausa e prazer sem nenhuma dose de responsabilidade. Talvez por isso, gere em mim a ansiedade dos momentos de comida, mesmo eu não estando com fome, talvez por isso, quando estou diante de alguma situação estressante, eu queira correr para o conforto da comida (que nem sempre é comida, veja bem, às vezes é um pacote de biscoito polvilho, às vezes é pipoca).
A comida tem sido assim pra mim. É claro que eu aproveito cada momentinho, quando me lembro de comer devagar, sem fazer outras coisas ao mesmo tempo.
segunda-feira, 15 de maio de 2023
Cuscuz e café com leite
Agradeço hoje por me levantar da cadeira e ter uma coisa gostosa na geladeira me esperando. Hoje a tarde senti uma vontade imensa de comer cuscuz com café com leite. Pois bem. Estavam todos os ingredientes disponíveis para mim. Peguei o café já pronto da cafeteira, esquentei um pouquinho de leite, misturei. Um pouquinho de açúcar só pra dar um tchan. Rapidamente embebi o cuscuz em leite, um pouco de manteiga e um pedaço bem generoso de queijo. Um queijo gostoso, que com o calorzinho emanado do milho, foi amolecendo, amolecendo, ficando cada vez mais terno.
Comer é um presente. Comer o que se quer e tão gostoso é uma benção.
Itadakimasu.
segunda-feira, 8 de maio de 2023
Para o meu antigo caderno secreto
Lembro do texto sobre a ponte Rio Niterói, dos fundos especiais de natal e ano e novo. Da aba com resenhas e comentários de animes. Lembro das letras estranhas em alemão que serviam de fundo na maior parte do ano. Do texto sobre os olhos com rachaduras e dunas de areia de uma pessoa. Daquele que tinha uma foto da versão de Romeu e Julieta do Leonardo Dicaprio. Cacete, lembro do esporro que eu tomei de uma terceira pessoa que entrou numa postagem e veio reclamar do meu ponto de vista para uma estátua de anjo de cemitério. (???)
Eu sinto muito. Lembro das páginas, dos escritos e do que aquilo significava. Eu sinto muito mesmo.
quinta-feira, 27 de abril de 2023
O doutorado da UERJ
Estive hoje numa aula de doutorado. Havia poucas pessoas, um grupo bastante seleto de estudantes. Acompanhei boa parte da aula, mesmo não tendo lido o texto, mesmo não tendo feito um mestrado, mesmo não tendo nenhum tipo de projeto formal a respeito da literatura brasileira.
O tema da aula era bastante interessante, falamos sobre diários. Muitos pesquisadores daquela sala pesquisavam diários para colocar em seu trabalho o que eles entendem por autobiografia. Para variar, muitos conceitos difíceis foram debatidos, como: o que é uma escrita genuína? Se um escritor escreve um diário sabendo que um dia será lido, aquele texto está carregado dos olhares prévios de seus leitores?
No meio de tantos problemas e questões, viajei sobre minha própria experiência e bateu à porta o medo do narcisismo. Escrevo diários por toda minha vida, será que posso usar minha experiência nesta aula? A verdade é que escrevemos sobre o que nos incomoda e eu estou há três parágrafos narrando sobre a parte boa do meu dia, esperando o momento em que poderei expor aquilo que me magoa nesse momento.
O dia foi ótimo, a companhia também, mas... É mais urgente falar sobre o que dói?
terça-feira, 25 de abril de 2023
Um por mês
Eu adoro essas coisas. Adoro fazer planos periódicos, adoro tudo aquilo que vai virar uma coleção de memórias no final do ano. Quando menina, gostava de juntar moedas num cofrinho "para abrir no final do ano e comprar um presente legal com as economias". Sempre fui o tipo de pessoa de fazer "listas de objetivos para o próximo ano" e dar uma olhadinha nela para ver como tenho caminhado de meses em meses. Eu também inventei de fazer uma capsula do tempo com uma carta para mim mesma e abri-la de 10 em 10 anos, começando a primeira abertura aos 27.
Ano passado inventei de tomar um café gostoso de cafeteria todo mês. Qual será a proposta de 2023 além dos objetivos da lista de ano novo? Já estamos quase em maio e o tempo passou voando. Mas ainda não é tarde para estabelecer uma tradição de 2023... Pensei em tentar ir a lugares legais e diferentes uma vez por mês para ler ou fazer crochê.
Gostei dessa proposta, acho que vai ser essa mesmo. E o primeiro lugar vai ser o palácio do Catete. Como foi bom no ano passado! Houve um encontro piquenique de crocheteiras e eu ganhei dois novelos de linha, fiquei toda boba. Um desses novelos virou dois estojos, um pra mim e outro pra minha mãe. O outro novelo ficou de presente para Bruna que quis aprender a fazer crochê (e se desenvolveu muito bem) para o aniversário de 5 anos da Nininha.
quarta-feira, 19 de abril de 2023
Diários de motocicleta
Eu tinha 12 ou 13 anos quando trocaram meu professor de português na escolinha para a qual me mudei. A mudança toda foi bastante marcante, sair de um município não tão pequeno assim, mas com ideias tão diferentes da "cidade grande" fez uma diferença brutal na minha vida.
Bom, a sorte foi que eu fui parar num colégio intimista nesse bairro onde vivo, em que as pessoas agem como se tivessem milhões na conta, mas na verdade não tem nem um.
O que aconteceu foi que em 2009 substituíram a professora Déborah (que era uma mãe, um amor de pessoa) por um professor truculento, grande, barbudo e barrigudinho. O homem chegou para ensinar português - e ensinou de fato -, mas veio com propostas bem mais profundas, que eu não alcançava, apenas absorvia.
Num bimestre vimos "Na natureza selvagem", no outro "Diários de motocicleta" e ao fim do ano já estávamos todos a par da viagem que o professor fez pra Cuba, coletar informações e tudo que o governo oferecia para o povo. Esse mesmo professor escreveu uma carta de próprio punho para minha mãe, solicitando que ela comprasse dois livros pra mim. A biografia do Che e o próprio "Na natureza selvagem".
Fui para o ensino médio levando todas aquelas ideias comigo e, óbvio, me frustrei, porque não é em todo lugar que você encontra bons professores de português. Que além de oração subordinada substantiva da puta que o pariu, nos ensina também a pensar.
Hoje montei uma aula de conversação sobre o filme Diários de Motocicleta. Obrigada, Carluxo, por abrir as portas pra mim.
quinta-feira, 13 de abril de 2023
Para meus queridos kens
Eu li esse último texto da Martha Medeiros e pensei em quens? Bom, eu sei. E sei que não dói mais também, pela graça de Deus, não dói. Eu fiquei tanto tempo acostumada a amar vocês que não sabia desaprender, também não sabia que alterar esse sentimento não fazia com que ele desaparecesse da face da terra. Ele existiu, foi bom e intenso, hoje ele não existe mais. O que poderia perdurar por tanto tempo sem alimento? Só uma lembrança. Amar a lembrança não é amar vocês, infelizmente.
Mas tudo bem, não é?
Martha Medeiros (de novo)
Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...
E só então a gente poderá amar, de novo.
quarta-feira, 12 de abril de 2023
Eu tenho um neko-chan
Dizem que o gatinho japonês que balança a patinha atrai dinheiro. O meu fica em cima do abajur, na mesa de trabalho. Ele balança a patinha de levinho de manhã, a todo vapor a tarde e a noite só quando eu puxo e o obrigo a balançar. Mesmo assim, ele vai parando lentamente, porque é movido a energia solar e não a força bruta.
Meu neko-chan sabe quando é hora de parar, eu não.
segunda-feira, 10 de abril de 2023
Ai, pai
Meu pai,
Nós infelizmente não tivemos muitas conversas de pai e filha, mas eu me lembro de uma na varanda em que estávamos só nós dois e você me perguntava o que eu queria fazer da vida. Eu não me lembro a idade que tinha quando essa conversa aconteceu, provavelmente tinha uns 14 anos, das últimas vezes que te vi. Ali eu te respondi que queria ser professora e você ficou visivelmente desapontado.
Você esperava que eu fosse me tornar uma pediatra ou veterinária. Eu tenho certeza de que já escrevi um texto sobre isso, sobre essa conversa e sinto muito por ser repetitiva. Não é um problema voltar muitas vezes na mesma lembrança, é?
Eu queria te dizer que, de certa forma, tento domar a nós mesmos em nosso estado de animalidade, quando estamos sem a literatura. Tenho certeza de que você não compraria essa ideia, mas não custa tentar, não é? E esse argumento como foi? Será que consigo reescrever esse texto muitas vezes, com essa mesma lembrança e diferentes argumentos?
Queria que você soubesse que eu gostaria de saber mais sobre você, que eu queria te pedir conselhos e ter uma coleção de memórias nossas um pouco mais ampla. Sinto sua falta, espero que esteja bem.
sexta-feira, 7 de abril de 2023
A materialização do amor
A gente fala de amor mesmo antes de saber falar. O bebê da Amanda fala de amor com pequenos gestos, a Amanda e a Giulia falam com todas as letras do amor imenso, incondicional, imaterial, incomparável, pelos seus filhos. A Leili fala sobre a felicidade que sente na Páscoa por saber que alguém, mesmo que não mereçamos, morreu por nós. Ela falou que isso é a materialização do amor e que ela continua vendo esse amor por nós se materializar quando Jesus nos permite estar em contato com pessoas tão incríveis, continuamos tendo provas de que ele nos ama. Obrigada por me permitir ver, feliz páscoa!
quarta-feira, 22 de março de 2023
à moda de
O descolado, o maneiro, o popular, o top, o... Como que diz agora? Sei lá, esse negócio que tem prestígio e os jovens acham maneiro. O <isso aí que estou tentando dizer> era ter um tumblr. Mas eu tinha um blog. Eu tinha um blog quando já nem era moda ter blog, mas, pomba, eu gostava muito do meu blog. Ok. Fui criar um tumblr pra ser descolada e colocar pra fora todo drama sexual, triste adolescente. Nada a ver com o que eu postava no meu blog (anime, receitas, músicas, crônicas, sei lá o que mais eu postava no caderno perdido).
Eu não faço ideia de como acessar meu antigo tumblr. Eu não sei nem o nome que tinha dado a ele. Isso existia em tumblr? Dar um nome à página? Eu sei que hoje em dia, quando quero achar uma imagem bonitinha pra um texto ainda escrevo "amizade tumblr, aniversário tumblr, <sei lá o que> tumblr" na pesquisa. Hoje em dia é aesthetic que fala. Até eu me lembrar de como escrevo esse negócio já digitei "tumblr" e encontrei o que queria.
Procrastinação criativa
Eu passei tantas horas falando "Alternativa incorreta" para terminar a demanda de gravação de questões da demanda do SAS que acabei me lembrando daquelas balanças de farmácia que falavam "introduza a moeda" e desde então não consigo falar "alternativa incorreta" sem fazer uma voz engraçada.
domingo, 19 de março de 2023
Porto Alegre
São muitos anos sendo um lugar no país, outros tantos sendo uma música da Fresno e agora você é uma pessoa. Agradeço ao acaso por ter te conhecido, que o tempo seja bom com a nossa amizade. Nada como ficar vendo o filme do Homem Aranha para me sentir perto de você kkkk
sexta-feira, 17 de março de 2023
Martha Medeiros
Urgência emocional
Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo. Temos pressa para ouvir “eu te amo”. Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: somos namorados, ficantes, casados, amantes? Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas palavras ao AMOR: paixão, romance, sexo, adrenalina, palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: "paciência". Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada. É uma refeição que pode durar uma vida.
Lispector: primeiro o medo, depois o acolhimento
Ser cronista
Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto.
Crônica é um relato? É uma conversa? É um resumo de um estado de espírito? Não sei, pois antes de começar a escrever para o Jornal do Brasil, eu só tinha escrito romances e contos.
E também sem perceber, à medida que escrevia para aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo o risco deem breve publicar minha vida passada e presente, o que não pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que estou escrevendo para jornal, isto é, para algo aberto facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só é aberto por quem realmente quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever se transforme. Não é que me desagrade mudar, pelo contrário. Mas queria que fossem mudanças mais profundas e interiores que não viessem a se refletir no escrever. Mas mudar só porque isso é uma coluna ou uma crônica? Ser mais leve só porque o leitor assim o quer? Divertir? Fazer passar uns minutos de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e com o leitor. Aqui no Jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente.
Clarice Lispector
Terapia
Com a terapia aprendi em não dar mais "murro em ponta de faca".
No lugar de passar algumas horas ou um dia inteiro remoendo uma situação, sentindo-me completamente perdida, consigo olhar para ela por um instante para identificar, pelo menos, se aquilo é compatível com o que penso ou acredito. Se acordo bem disposta e com ânimo, entendo que parte disso tem relação com a qualidade do meu sono. E se acontece o contrário, sei que, se dormir ou respeitar a prática de higiene do sono, a chance do meu bom humor e da minha disposição voltarem é grande.
Se começo a me sentir abarrotada, procuro minha agenda, anoto no papel que estiver a minha frente. Sempre que posso, executo a tarefa na mesma hora para não dar chance à procrastinação. Na última semana estive consciente sobre o tamanho da carga que tenho assumido e aceitado, sabendo que não daria conta.
O que eu fiz? Aceitei mesmo assim, sabendo das consequências. Fui lá e vivi o que me propus, resultado: atrasei prazos, não tive tempo de descanso, mudou meu humor, tive dor de cabeça, fiquei doente. Não surtei quanto aos prazos, expliquei o nível de complexidade do trabalho para meu colega da editora. Jurei que nunca mais aceitaria o mesmo valor pelo mesmo trabalho. Num rompante, quando estava perto de acabar a demanda e, sabendo que meu prazo tinha sido aumentado, tive uma reação adversa à responsabilidade, mas muito comum pra mim. Passei horas do dia vendo uma série, porque já estava rouca e cansada. Bom, o que importa é que identifiquei o padrão e reconheci atitudes. Antes, eu teria surtado por atrasar prazos, não entenderia a causa da dor de cabeça e nem da doença. O corpo dá sinais óbvios que muitas vezes eu interpretei como acaso.
Eu tenho falado abertamente sobre a terapia no meu dia a dia, sobre como me ajudou. Semana passada mesmo eu estava na copa do curso conversando sobre pensamentos automáticos e sistema de crenças. Tudo isso porque muita gente estava desistindo do curso aos poucos.
Essa semana encontrei novos conflitos. É verdade que não tenho conflitos toda semana, mas essa, em especial, refleti e refleti pensando nas outras vezes que tive a mesma sensação, o que eu fiz para resolver e o que posso fazer hoje. Posso fazer diferente? Qual é a emoção que estou sentindo?
segunda-feira, 13 de março de 2023
Não à toa guardo minha prova do ENEM 2013
Eu me lembro de quando era vestibulanda e levava uma caixa de guloseimas para a prova. Lembro-me de passar longos minutos me enchendo de suco, água, club social e bolinho Ana Maria (pacote prateado com roxo, chocolate com gotas de chocolate, meu preferido). Eu não sei se já tinha consciência de que não era fome e só ansiedade, mas me lembro de comer. Também lembro de sair da prova e por muitos anos falar sobre um texto base de questões da UERJ (o que falava sobre críticos não terem nenhum tipo de formação para serem críticos). Eu cheguei a fazer um texto sobre os críticos, pensando nesse texto da prova da UERJ. Claro que todo mundo tem muitas provas na vida, mas até a do ENADE eu tive que fazer. Veja bem, a prova acontece de tempos em tempos, nem todos os alunos de faculdades públicas precisam fazer, mas logo no meu ano houve a necessidade. Dava ponto na faculdade? Não. Dava ponto na vida de alguma forma? Não. Pois eu fui lá pra Ilha do Governador e me dediquei para a prova. Fiz a prova saboreado cada um dos textos e fiz questão e tratá-la com o devido respeito e consideração.
Claro que nem só de histórias bonitas vive meu relacionamento com as provas, eu também derramei água no cartão resposta da minha primeira tentativa de exame de múltipla escolha da UERJ (olha ela de novo) e fiquei inocentemente na frente do ar condicionado esperando secar o único e intransferível cartão resposta que tinha pra marcar. Eu também me lembro de como deixei as lágrimas rolarem diante da prova de Sintaxe, da professora Violeta, na faculdade.
Bom, tudo isso porque há anos venho trabalhando com provas de muitos tipos. Será que eu, mesmo que inconscientemente, já sabia que teria uma firme relação com as provas? O que eu sei é que também me lembro de dizer "A prova da UERJ é linda" e meu irmão achar bastante esquisito eu ter ficado discursando sobre a maneira construtiva que ela tinha me cobrado os conteúdos do que propriamente se eu tinha ido bem ou mal. Um salve para a prova da UERJ e pra essas questões do Enem que me apresentaram obras literárias e reflexões tão importantes.
Questão 6, 7, 13, 14, 15, 19, 21, 27, 29, 41, 42. Caderno amarelo.
sexta-feira, 10 de março de 2023
Minha sina
Um dia as músicas românticas e antigas vão ser só minhas. Até lá eu vou ouvindo as pobres das músicas pensando em mim e outro candango.
"Please give me one more night, just give me that one more night"
quinta-feira, 2 de março de 2023
A sensação de pertencimento e a velha história da ovelha negra
Das dicotomias que governam esse mundo, o integrado e o excluído é das mais palpáveis. Por alguma razão que desconheço (mas que a antropologia sabe e um dia eu vou estudar esse negócio), praticamos a mitose social constantemente. Nos dividimos em grupos, subgrupos, mini grupos, quintetos, trios e duplas. Independente do tamanho da turma, há um universo do qual fazemos parte.
Ao mesmo tempo, identificamos e apontamos o indivíduo que por alguma outra razão desconhecida (e talvez no entendimento dessas razões desconhecidas estejam todas as respostas) preferiu ficar sozinho. Note, ele preferiu, ele escolheu.
Tudo isso porque estava conversando com a Bruna e ela disse, sem a menor pretensão de me causar uma epifania:
[11:09, 02/03/2023] Bru: Eu
[11:09, 02/03/2023] Bru: Tô aqui
[11:09, 02/03/2023] Bru: Sozinha
[11:09, 02/03/2023] Bru: Na poltrona tentando tocar brilha brilha estrelinha
[11:09, 02/03/2023] Bru: E o mundo em caos ao meu redor kkkk
Então eu penso, precisamos exaustivamente fazer parte do coletivo, mesmo que isso signifique estar inserido no completo caos ou vive aquele que optou estar a par com seu ukelele?
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
Palavra nova, professor do passado
domingo, 19 de fevereiro de 2023
Diário de uma concurseira Dia 29
Todos os dias vem um beija-flor na minha janela. Será que tem um ninho no telhado do prédio? Será que devo colocar aquele negócio de plástico com água dentro pra ele beber? Vou pesquisar, mesmo que isso interrompa a vídeo aula dificílima de conhecimentos bancários.
Deus google diz "O mais indicado para a alimentação artificial de beija-flores é combinar quatro partes de água previamente filtrada com uma parte de açúcar. Dando um exemplo prático com números, numa mistura de 100 ml deveremos ter 20 ml de açúcar e 80 ml de água."
Diário de uma concurseira dia 28
O professor de matemática MUCHO LOCO.
Ele deve ter seus 50 e tantos anos? É. Mas é muito engraçado e sensato. Faz piada como quem fala a verdade e a gente ri porque a verdade é assim, quanto mais se fala sobre ela, menos se acredita e então vira piada. Comecei a tomar nota das coisas que ele fala, por motivos óbvios.
1) Ah, você não gosta de fazer conta com vírgula? Não faz com vírgula. Depois você coloca.
2) Aquele aluno tosquinho vai chegar e falar assim "AH, PROFESSOR, MAS EU NÃO FAÇO DESSE JEITO AÍ NÃO." Agora vai fazer.
3) Para com esse negócio de falar JUROSSSSSSSSSSSSS. É JURO. REPETE, "JURO".
4) Era uma vez um patrimônio que ganhou um aumento de 60%...
5) Olha aqui, Papudo. (cara, de onde saiu esse "papudo"? minha mãe também fala isso às vezes. Pesquisando na internet por bordões com "papudo" encontrei que o personagem "Bento Carneiro" de Chico Anísio falava isso.)
6) SOMAR NÃO EXISTE. Produtar existe? Existe SOMA e PRODUTO. O nome da operação é ADICIONAR.
Depois de tudo isso, além de ficar mais doida e um pouquinho menos ignorante em matemática, saí com a dúvida "Capital inicial, a banda, tem relação com matemática? De capital inicial investido?"
Diário de uma concurseira Dia 6
Às vezes, durante as aulas, minha mente viaja. Não porque a aula está chata, mas porque vem uma ideia nova à cabeça. É curioso porque há muito tempo as ideias para novas histórias não me visitam e agora, que eu preciso de toda atenção e foco, elas se apresentam brilhantes e transparentes como vidro.
Dessa vez foi assim, eu estava na aula de informática. O professor falava sobre protocolos de e-mail, sobre as diferenças entre o POP3 e o IMAP.
No POP3, o cliente de email baixa as mensagens e as apaga do servidor. É o sistema mais usado, dá mais espaço para o servidor. No IMAP, é possível acessar as mensagens diretamente do servidor, podendo baixá-las ou não. É mais novo, melhor para o ambiente corporativo, porque facilita o acesso às mensagens quando o colaborador tem que usar mais de uma máquina.
Beleza. No meio de tudo isso, veio assim na minha cabeça
"Era uma vez um aplicador de provas de concurso público. No começo de sua carreira aplicando provas ele ficava muito desesperado vendo coisas que iam além de folhas de papel, canetas azuis e pretas de corpo transparente e corpos humanos a sua frente. Ao mesmo tempo que isso que ele via se mover pela sala, translúcido e coletivo, o causava pavor, trazia também fascinação. Por isso, ele continuou trabalhando com isso. Depois de anos formados apenas por domingos eternos de observação ele estava sério. Esperou o último candidato sair em trio, como sempre, para então questionar: por que, Deus, tantos candidatos saíam da prova e não levavam consigo sua confiança? Elas ficavam vagando pela sala até escapulir pela janela e encontrar seus determinados corpos."
A princípio essa ideia veio na forma de uma crônica, mas por haver esse elemento fantástico, talvez seja melhor transformar num conto.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
Diário de uma concurseira Dia 17
Minha rotina está tão rotineira que até o meu cocô está saindo na mesma hora e com o mesmo tamanho.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
Diário de uma concurseira Dia 16
O professor de português personagem live action.
"Não, porque eu vou conjugar aqui o verbo "reaver" no pretérito perfeito. Não é "reavi" do jeito que vocês falam. (...) Sim... Na minha época os professores eram mais exigentes, por isso que eu falo dessa maneira. Mas foi bom."
Até quando? Estou farta desse "eu"
"vocês".
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
Diário de uma concurseira Dia 14
Começo no décimo quinto dia de estudo por razões óbvias para quem já ouviu falar sobre o que é estudar pra concurso: na primeira semanas eu não tive tempo nem para lavar o cabelo tamanha neurose de cumprir o cronograma sugerido pelo cara X, Y, Z do Youtube que passou em cinquenta e sete concursos.
Na segunda semana houve um desequilíbrio entre o tempo que eu achava que tinha que descansar e o tempo que eu precisava estudar e acabei (acho) descansando mais do que deveria.
Muito bem, estamos no dia 14. Eu me sinto animada, certa de que estou me esforçando, mas ainda com a ideia de que não é o bastante. Ao mesmo tempo me pergunto, algum dia vai ser o bastante? Alguma vez eu senti que tinha feito o bastante?
Tenho demandas do trabalho para entregar, tento fazer o meu melhor. Os alunos merecem uma boa aula, eu mereço sentir que estou fazendo todo o possível para que aprendam de forma contextualizada, coerente. Tenho demandas de estudo, estou me policiando para me dar tempo de qualidade e aprendizado.