Meu pai,
Nós infelizmente não tivemos muitas conversas de pai e filha, mas eu me lembro de uma na varanda em que estávamos só nós dois e você me perguntava o que eu queria fazer da vida. Eu não me lembro a idade que tinha quando essa conversa aconteceu, provavelmente tinha uns 14 anos, das últimas vezes que te vi. Ali eu te respondi que queria ser professora e você ficou visivelmente desapontado.
Você esperava que eu fosse me tornar uma pediatra ou veterinária. Eu tenho certeza de que já escrevi um texto sobre isso, sobre essa conversa e sinto muito por ser repetitiva. Não é um problema voltar muitas vezes na mesma lembrança, é?
Eu queria te dizer que, de certa forma, tento domar a nós mesmos em nosso estado de animalidade, quando estamos sem a literatura. Tenho certeza de que você não compraria essa ideia, mas não custa tentar, não é? E esse argumento como foi? Será que consigo reescrever esse texto muitas vezes, com essa mesma lembrança e diferentes argumentos?
Queria que você soubesse que eu gostaria de saber mais sobre você, que eu queria te pedir conselhos e ter uma coleção de memórias nossas um pouco mais ampla. Sinto sua falta, espero que esteja bem.
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