terça-feira, 29 de novembro de 2022

Mayra e Leiliane

 No começo eu pensava "Bom, a vida delas está muito agitada, bem cheia de trabalho e compromissos". Depois eu olhei pra minha vida e pensei "Caramba, eu estou muito agitada e cheia de compromissos também, mas mesmo assim eu tenho tempo para mandar uma mensagem". Então o tempo passou, eu mandava mensagens sem respostas, eu tentava marcar encontros, mas sempre tinha um evento da igreja, um não posso, um tô sem tempo, um preciso estudar, já marquei com não sei quem. 

Falei um pouco disso com a Bruna, ainda um pouco inflamada, alguns meses se passaram e eu simplesmente desisti. Amizade de texto bonito e foto no Instagram pra inglês ver, é como eu tenho sentido. Essa parceria e esse amor todo que as pessoas vêem na postagem, eu gostaria de ver mensalmente. Mesmo quando não há tempo, mesmo quando a nossa vida está agitada e cheia de compromissos, porque eu acho que nunca vai deixar de ser assim, não é?

Leiliane mandou uma mensagem ontem perguntando como estávamos, me segurei um pouco para não responder tão imediatamente, respondi que sim, que tudo bem, como ela estava? E a Mayra até agora nada. Nem para dizer que sim nem que não, porque, claro, ela está ocupada demais. Cara, até a Betty Faria tem tempo de ser minha amiga e conversar comigo, não é que você esteja ocupada, é que você não quer mesmo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Meus sonhos (aos 27 anos)

Um emprego que me sustente.

Morar sozinha.

Voltar a escrever meus livros. 

Viajar uma vez no ano.

Ter uma vida equilibrada e saudável.



Sonhar é preciso

Onde estou? Onde quero chegar? Quão importante é sonhar diariamente com aquilo que se quer conquistar?




Betty Faria

 A Betty me conta muitas histórias. Sempre que temos uma brecha entre as questões do trabalho, ela me conta experiências de vida com aquele tom de anedota, chamando minha atenção, me ensinando alguma coisa. Eu anoto mentalmente, repito várias vezes para mim mesma, querendo gravar bem na memória.

Das várias histórias sobre amizade, ela me contou uma que se destacou por uma frase. Foi assim, um amigo a convidou para um importante evento, algo que para ele tinha muito significado. Acho que não faz mal dizer quem era ou do que se tratava aqui no blog... Era o Ivo Pitanguy, ele a tinha convidado para sua posse na Academia Brasileira de Letras, mas ela não pôde ir, "porque estava sem tempo". 

Então, em resposta, ele disse "Tempo é prioridade afetiva", frase que a marcou e que agora está ecoando em mim. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Illiana

Comecei a ver mais uma série aleatória na Netflix. Bom, não tão aleatória assim, é uma série que fala sobre etiqueta. Etiqueta e muitas outras coisas. Entendi que as pessoas que buscam as aulas com a professora chinesa estão com algum problema de autoestima e pensam que a etiqueta vai deixá-los mais centrados, de alguma forma.

Claro que assisto tentando tirar o máximo de conteúdo das pessoas. A moça do último episódio que resolvi assistir era latina, tinha acabado de ter uma filhinha e estava se sentindo mal com o peso que tinha ganhado durante a gestação e ainda não tinha perdido. A moça chinesa que é a professora e eu ainda não decorei o nome ensinou várias coisas para Illiana (o nome da participante latina entrou facilmente na minha cabeça, incrível). 

Ela disse que a comida mais sexy do mundo é sushi, adorei isso. Ela também perguntou à participante quando tinha sido a última vez que ela tinha se sentido sexy. Illiana acabou se emocionando, o programa seguiu e eu fiquei me perguntando a mesma coisa. Tanto que o episódio acabou e eu vim escrever.

Quando foi a última vez que me senti sexy? Não consigo me lembrar. Hoje, por coincidência a Bruna disse que eu escondo demais o corpo, que eu cubro demais e que por vezes os seios acabam parecendo maiores de tanto cobrir. 

Acho que vou começar a exercitar um pouco mais do meu lado sexy. E talvez seja bom começar a pensar em uma atividade física pra me ajudar a focar um pouco mais no meu corpo. 

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Paola, Rebecca e Mariana

Acalme-se fazendo coisas, colocando a vida pra frente. Fique pensativa, mas estude inglês enquanto pensa. Questione os seus sentimentos quando quiser, mas enviando currículos. Tenha todas as crises existenciais que você precisar ter, ticando os planos B, C, e D da sua lista de pendências. 

Tudo que nos resta agora é pensar positivo e ir dando nossos tiros. Alguma hora vai, e se não for, pelo menos você tentou e não tem do que se arrepender. 

À medida que o tempo passa, a vida nos ensina que a gente não pode ter tudo. Entendo isso, não vou ter pena de mim mesma caso as coisas não saiam exatamente como eu imaginei, só quero ter a consciência de que tentei e de que conquistei algo com meu esforço e mérito. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

A maçã pornográfica

 De repente, não mais que de repente, estava escrevendo um texto sobre frutas, sementes e flores. Então, um turbilhão passou por mim e me deixou boquiaberta.

Maçãs cortadas ao meio sugerem vaginas. Pelo menos, olhando com carinho parece uma. "Ah, mas olhando com carinho, qualquer coisa é uma vagina, Mariana". Claro, vai depender do nível de carinho que você vai usar pra enxergar. Muito bem. Mas e se por um momento pensarmos que as maçãs realmente sugerem esse apelo sexual?

Então, a maçã foi escolhida como fruto proibido pelo perigo da feminilidade? Matou a Branca de Neve porque ela agiu de acordo com seus instintos femininos? Newton estava na verdade tendo fantasias sexuais quando entendeu o conceito da gravidade? A maçã é símbolo de muita coisa, não é possível. Com tanta fruta nesse mundo, por que sempre ela? 

Brincadeiras a parte, gostaria de deixar registrado meu olhar pornográfico para a maçã. Aliás, caso eu escreva um livro feminista algum dia, esse vai ser o título, "Maçã pornográfica". Com uma linda maçã vermelha na capa, bem partidinha ao meio, pra quem quiser ver o que eu vi. Podia ser um cupuaçu ou uma graviola, mas tinha que ser a maçã.







Dubai

A negação é o que me faz apagar mil vezes o texto em que tentei falar dos meus sentimentos por acreditar que não falar disso é o melhor pra mim.

A aceitação do fato é continuar tentando registrar, com a promessa de que não vou me sentir assim novamente. 

domingo, 14 de agosto de 2022

O consumo e eu

 É verdade que eu gosto de comprar roupas, combinar peças e traçar estilos no guarda-roupa. Também é verdade que eu me sinto feliz quando uso algo que valoriza meu corpo e a minha personalidade. Assim como também é verdade que eu me preocupo com a natureza e tento de diversas formas diminuir o impacto que minha pequena existência pode causar no planeta. 

Há um tempo, venho comprando peças em brechó por gostar de roupas vintage, por acreditar no novo uso de uma peça de roupa que não serviu para outra pessoa, porque o dinheiro circula dentro da comunidade, bairro ou diretamente para pessoas, no lugar de grandes empresas multimilionárias.

Dito tudo isso, considerando tudo que tenho, vejo que não preciso de mais. O que tenho me serve, me veste bem, me agasalha, me permite estar em diferentes ocasiões e estações. Graças a deus, também tenho calçados que me permitem trabalhar e encontrar os amigos.

Então, por que preciso de mais? Ainda que compre em brechó, por que investir meu dinheiro em algo que já está resolvido a longo, longuíssimo, prazo? Gostaria de hoje firmar um compromisso comigo mesma de não comprar mais, por um tempo determinado, para que eu consiga ter dimensão do meu objetivo. E, talvez, quem sabe, tomar nota do valor de tudo que eu compraria nesse meio tempo, para entender o quanto foi poupado e que fim teve esse dinheiro. 

Quero trabalhar minha responsabilidade financeira e também fazer por onde, indo em direção ao discurso de sustentabilidade que acredito. Quem sabe, me aproximando também de uma vida mais desafogada e minimalista. Adorei a ideia.

O projeto começa hoje, 14/08/2022 e tem fim no dia 14/12/2022. Neste dia espero renová-lo com dados positivos.  



quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Rafa

 Pois hoje, depois de anos de jejum, ganhei um "TA FAZENDO MERDA, MARIANA" e um "te amo", desse jeito com aspas. 

Nem no meu melhor sonho eu poderia imaginar algo assim acontecendo em 2022. Obrigada, ano, obrigada tempo, obrigada Deus e todos os deuses, obrigada tudo e, principalmente Nimb Tormeta, que tem uma filosofia própria que trouxe o Rafa até o meu story hoje. 

Sinto como se uma grande paz invadisse o meu coração e uma porta se abrisse, cheia de luz. Consigo ver todo um passado de alegria e fraternidade dissipando as mágoas e os pedidos de perdão, consigo sentir que em algum lugar no céu alguém ticou essa pendência desta encarnação. Amém. Amém por todos os áudios e mensagens, amém pelo amor que constrói, pela maturidade, por hoje.  




segunda-feira, 11 de julho de 2022

Na dúvida, procurei no dicionário o significado de "resignação"

re·sig·na·ção
(resignar + -ção)
substantivo feminino

1.  Ato ou efeito de resignar.

2. Submissão à vontade de Deus.

3. Exoneração espontânea de uma graça ou de um cargo.

4. Sujeição paciente às contrariedades da vida. = CONFORMIDADE


O remédio para o medo é a resignação? 

Acabei ficando com mais uma pergunta. 

Terapia, sim ou com certeza?

Existe uma grande diferença entre "ser" alguém, "ser alguém na vida" e "ser reconhecido como alguém". Esses conceitos acabaram se fundindo e confundindo a minha inocente cabeça de jovem-não-tão-jovem-assim. 

Comecei pensando que "ser alguém na vida" significava ter um emprego de carteira assinada. Daí o Ministério do Trabalho acabou, estudante passou a ser vagabundo e carteira assinada virou unicórnio no Brasil. Então ficou resumido, "ser alguém na vida" significa ter um emprego. Daí vieram três crises econômicas, uma pandemia, uma sequência de presidente bosta e a necessidade de muita terapia. 

 Na terapia, santa Julinha, aprendi que "ser alguém na vida" não é sinônimo de "ser", que o meu trabalho não sou eu, que eu existo, olha só, como um ser humano fora da minha profissão e ambiente de trabalho. Muito bem, quase tendo alta dessa questão particular, vem uma nova pergunta: mas eu to sendo reconhecida como alguém? 

As pessoas olham pra mim e me vêem? Ao que parece, até o presente momento, não. Porque nem todo mundo faz terapia e, consequentemente, não entende que a pessoa feminina pode existir - e pensar, veja bem - sem ganhar dinheiro o suficiente para "ser alguém na vida". 

Eu sou? Eu sou sim, me reconhecem e me respeitam? Não. Agora uma última pergunta, sou eu quem precisa de terapia pra viver com essa gente ou são eles que precisam de terapia pra cuidar da própria vida?

OK, só mais algumas palavras sobre copywriting

Eu me sinto como uma atriz que fez uma pequena participação figurativa num Shakespeare da vida e agora tá sendo introduzida ao mercado pornô. Tive uma pequena amostra de tudo aquilo que a palavra pode ser em seu esplendor, e agora estou aprendendo a usá-la para estratégias de venda. Shakespeare, pornochanchada. É isso. 

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Paola, a marketeira

Comecei a estudar superficialmente sobre marketing. Bom, pelo menos eu acho que Copywriting é um braço ou via da publicidade/propaganda. Só tenho uma coisa a dizer: o copywriting é a subversão da língua portuguesa (ou de qualquer língua em que estiver a serviço). Boas mentes deveriam pensar a língua em seu esplendor artístico, em sua potência literária e não em prol de estratégias de convencimento, conversão e multiplicação de leads. 

Lembro-me da semana de palestras de profissões na escola. Selecionei cuidadosamente o que queria assistir, apesar de já saber o que eu queria e a que já me dedicava. Participei ativamente (e tão ativamente que me lembro) das palestras de Comunicação (com ênfase em publicidade/propaganda) e Marketing. Meu grupo e eu questionamos o professor e palestrante sobre as propagandas do Dolly Guaraná e ele deu uma resposta brilhante sobre seleção do público infantil e a permanência na memória coletiva pelo ódio da musiquinha. Você não tomava Dollynho, mas sabia cantar, cantava com seus amigos e falava/zoava sempre que podia, não é? Segundo o palestrante isso é basicamente a estratégia do "vai se lembrar pela força do ódio". 

Beatriz assistiu a palestra de marketing comigo, Lara assistiu a de comunicação e parece ter gostado muito (gostou a ponto de ir cursar, veja só). Beatriz anotava as coisas num bloco pequeno, fazia perguntas pertinentes, era uma boa aluna, comunicativa, falante. Ela também estava no coral da escola comigo e já tinha escolhido, também secretamente, o que queria fazer da vida. Trocamos algumas palavras naqueles dias sobre termos gostado de Marketing e de boas faculdades que ofereciam esse curso, infelizmente nenhuma pública me vem a cabeça. 

Numa dessas palestras, levantei a mão pra perguntar se a faculdade particular que estava se ocupando da organização daquele evento tinha graduação em espanhol. Não, não tinha. Subiu o ódio pela garganta e voltou pelo mesmo caminho, o que sobrou da minha revolta saiu pelos olhos. 

Anos depois, entrei pra Letras, e, de maneira muito surpreendente, Beatriz também. Mas o sonho dela, o grande, o de verdade mesmo, não era aquele e ela não o deixou dormir. Bia está no meu Instagram e todas as vezes - todas as vezes - que eu a vejo no feed, ela está cantando. Do jeito que o sonho dela manda. E eu estou aqui, escrevendo uma crônica, porque é o que acontece quando uma genuína e saudosa estudante de Letras faz quando tenta ocupar o tempo com qualquer outro ofício ou profissão.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

O nascimento de Paola

 É um tanto difícil sentir-se mal por alguma coisa e entender que você mesmo está causando o mal estar. A responsabilidade é minha pelo sinto? Eu consigo parar de me sentir assim? 

Estou cansada de ter medo. Medo de ser sacaneada. Medo de investir meu tempo e afeto em alguém que vai me sacanear. Medo de ser trocada, traída. 

É isso... Qual é a fórmula mágica para parar de sentir esses medos? Algumas mulheres são fortes e se impõe de um jeito inteligente, mostrando que não admitem determinados comportamentos. Outras mulheres são benevolentes e fecham os olhos para tudo aquilo que não querem ver. Eu me sinto num continuum, indo e vindo, indo e vindo, sem saber onde estacionar, querendo a doce benevolência e o respeito ao mesmo tempo. 

A mulher doce e a mulher dura são exaltadas por suas próprias particularidades, mas a primeira não tem valor e a segunda gera muitos conflitos. A primeira é tola, a segunda é manipuladora. Ora, o segredo então é não parecer nenhuma das duas.  


quarta-feira, 1 de junho de 2022

Floki disse

 Oh, Bjorn, você sente as pontadas, não é? Talvez muito cedo.

O amor é algo para se experimentar mais tarde. Há outros desejos que devem ser explorados e satisfeitos primeiro.


Gostaria de ter tido um tio maluco que me tivesse me dito isso. 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Avaliação sistemática, 7º ano

 

"relógio (s.m.)

é onde o ser humano aprisionou o tempo.

é um trio de ponteiros que guiam a vida

das pessoas. é o que faz a gente ter pressa.

é o trunfo e a ruína do coelho da Alice.

é um fardo para quem sente saudade.

é uma maldição para quem tem

ansiedade. é um lembrete constante da

nossa mortalidade."

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Rebecca, é você?

Queria escrever um texto sobre a pessoa que aprendeu a lidar com o fato de não ser a favorita. Não é a favorita da avó, não é a melhor amiga da sua melhor amiga, não é o amor da vida do seu namorado (a). Essa pessoa - que é muito boa e não tem defeitos tão grandes assim - por milagre do céu ou só dona de uma imensa racionalidade, convive bem com essa distribuição de afeto. 
Ela não deixa de amar a avó, nem é menos amiga e muito menos se sente inferior ao que foi o amor adolescente do parceiro. Essa pessoa não sou eu, porque eu sei que a vovó Márcia gosta mais de mim e eu meio que não tenho toda essa elevação espiritual. Mas um dia essa pessoa vai existir fisicamente, fora dos textos. 

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Darwinismo

 É muito louco o jeito como a vulnerabilidade molda o pensamento de uma mulher. Aos 26 anos tenho decorados alguns macetes que passaram por gerações em minha família. Também tenho conhecimento acumulado de outras mulheres que, em nome do meu bem, me ensinaram, me deram dicas de... Como posso dizer? Acho que "sobrevivência" ainda é o termo mais adequado. Todos eles ficam acesos em minha mente, se estou sozinha.

"Sente atrás do motorista no ônibus."

"Sente de pernas bem fechadas."

"Grite 'fogo' no lugar de 'socorro'." (é mais efetivo para conseguir ajuda)

"Não volte a pé para casa se já estiver escuro."

E, caso eu me atrevesse ou precisasse andar na rua sozinha e tarde, 

"Tenha o cabelo preso em um coque, mais difícil de te pegarem por trás"

"Mande sempre a sua localização para um conhecido ou finja estar falando com o namorado por telefone dentro do táxi/uber."

Hoje uso essa bagagem para me preparar para eventualidades, para saber agir caso algo aconteça. Sozinha, numa casa grande com homens fazendo obra, me peguei traçando estratégias antes de recebê-los: deixando a porta encostada (caso eu precise correr), com a chave já dentro da mochila (assim eles não conseguem trancar a casa comigo dentro). Eu não conheço as pessoas que trabalham nessa obra, mas isso não importa. Sei que são homens, e que mulheres - cis ou trans - precisaram desse tipo de educação para evitar danos físicos ou psicológicos ao longo dos anos. Se não acontecer nada, ótimo, se acontecer, tive uma horda inteira de mulheres por trás dos meus passos, me guiando para minha própria segurança.

domingo, 1 de maio de 2022

Ressaca de coração partido não cura com engov

 Eu não deveria nem dedicar meus pensamentos a você. Nem para tentar entender com que cara e com que afronta você vem me procurar e me propor uma bosta de uma amizade. Amizade baseada em que, merda? Baseada em memórias assombrosas, em calafrios, em uma torrente de "POR QUE?, EU AINDA NÃO ENTENDO." 

Eu gostaria de pedir perdão a Deus muitas vezes e prometer que vou ser uma pessoa melhor, que vou fazer o bem e ser sempre justa comigo mesma, correta com as outras pessoas pra ver se ele me libera de ter que perdoar você. Simplesmente não consigo. Simplesmente não consigo esquecer tudo que eu chorei e toda culpa que eu senti sem ter feito ou pensado uma vírgula pra merecer o que aconteceu. 

Me deu vontade de procurar a Juliane, saber como ela tá e agradecer mais uma vez por tudo que ela me contou.  

Pós-graduada

Terminei a pós, defendi, me engasguei, falei tudo, falei demais, passei o dobro do tempo recomendado falando. Tirei dez mesmo assim, foi uma rasgação de seda que ninguém imagina. Escrevi bonito, o trabalho mais fluido, podia ser projeto de mestrado, eu podia transformar aquilo num artigo e por aí vai.

Agora eu aguardo a resposta de um concurso público. Fui bem, mas só Deus sabe o que pode acontecer comigo agora. Não fui excelente, fui bem. Será que eu tenho chance? Será que é isso que ta reservado pra mim? Eu já pensei em tanta coisa que a minha cabeça dói e não desliga.
Posso tirar carteira pra ir trabalhar, posso ter a sorte de trabalhar de casa, ir apenas alguns dias na semana. 

Posso até nem passar e ir fazer um mestrado fora. "Mestrado sanduíche", olha que nome delicioso.

Só preciso me manter energizada, positiva, ativa. Que todas as energias ruins fiquem longe de mim, que tudo que possa me fazer mal venha com calma, pra eu saber lidar e conquistar algo mais de 2022. Já estou muito feliz, mas quero mais. 

 

sábado, 16 de abril de 2022

Páscoa 2022

Meu medo sempre foi apontar para uma direção e dizer "esta é a correta, todas as outras são erradas" e ser a pior das pessoas. Fui amadurecendo outras ideias ao redor deste pensamento, sabendo que não dá pra conhecer todas as religiões do mundo e fazer uma colcha de retalhos. Segui respeitando tudo que passava por mim e caminhando com minhas próprias crenças.
A espiritualidade é um mistério, mas a poesia me ajuda a entender suas pequenas nuances, aquilo que é alcançável pra mim em minha pequenez. 
Se há um caminho para compreender a Deus, esse é o da poesia, em sua faculdade etérea, permanente e despertativa.  

Usa-me

 



Como um farol que brilha à noite

Como ponte sobre as águas

Como abrigo no deserto

Como flecha que acerta o alvo



quarta-feira, 13 de abril de 2022

Hoje este texto não fala da Meg

 Meg fugiu uma vez e foram os piores cinco dias da minha vida. Por algum milagre, ou obra do acaso, a encontraram, cuidaram e eu a trouxe de volta pra casa. Desde então algumas coisas mudaram, a gaiolinha não fica mais sobre bancos ou na janela. Ainda que ela obedeça quando eu estou arrumando a comida e peço para que ela não saia da gaiola, só começo a mexer nela com todas as janelas fechadas. Porque não vale correr o risco. Porque pode ser que um dia ela não fique quieta como de costume, saia, me surpreenda mais uma vez e eu não tenha a sorte de encontrá-la de novo. 


quinta-feira, 24 de março de 2022

Tudo

A gente só pendura no pescoço aquilo no que acreditamos. Um símbolo, uma cor, um presente, uma memória. É sempre, sempre, uma dessas opções, e na pior das hipóteses, tudo ao mesmo tempo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Teste de revistas de adolescentes

 Um dos prazeres da Mari adolescente era esperar a Toda Teen do mês chegar para folhear a revista e ler tudo, tudinho que era do meu interesse. No geral, a revista inteira era, mas às vezes surgia uma coisa ou outra que podia passar batido. A primeira parada era nos pôsteres do meio da revista, claro, sempre o Nx Zero, Crepúsculo ou outro dos meus amores da época. 

Depois, eu ia para os testes. Já não me lembro o que de verdade estava sendo testado, mas era algo muito importante, como o tipo de garota que eu ia ser, qual personagem de livro ou filme eu era ou se eu sabia qual era o tipo de beijo ideal para cada situação. Acho que eram coisas assim kkkk 

Era tão bom. Eu comprava a Toda Teen e as minhas colegas compravam a Capricho e a Atrevida, então todas nós poderíamos ler todas as revistas do mês. Custava perto de 4 reais, eu tinha que catar as moedas em casa e poupar o dinheiro da passagem de ônibus indo para os lugares a pé para dar conta de comprar a revista, os mangás do mês e todo meu arsenal de pacotes de figurinhas, artigos de papelaria, xuxinhas, brincos e enfeites para o cabelo. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Claridade

 A sinceridade deve ser meu ponto forte e meu ponto fraco também. As pessoas que se aproximam de mim vêem que tudo que eu faço e falo é sincero, que eu sinto e transpareço tudo. O problema é que eu sinto e transpareço tudo mesmo. Não tem mistério ou dúvida, não tem meio termo, ou é sim ou é não. Minha sinceridade expõe demais os meus sentimentos e acabo ficando desguarnecida porque as pessoas no geral não são assim. Ou eu aprendo a desviar um pouco dessa minha qualidade ou espero menos das pessoas.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Quando a expectativa é grande demais, não se abre o champanhe

 Hoje falei por vinte minutos com uma senhora que nunca vi. Élcio diz que é uma mulher sozinha, sem família, sem parentes e sem filhos. Falei com ela por telefone e todas as coisas que havia pensado sobre ela caíram por terra. Ela não era nem um pouco frágil ou pequena, não era daquelas senhorinhas que precisam ser carregadas, inofensivas. Muito pelo contrário, me contou que trabalhou com cinema, que operava maviola, mas que o que aconteceu na época do Collor, de não ter nenhuma produção de filmes brasileiros por cinco anos foi uma porrada e tanto, da qual ela não se levantou. As coisas ficaram mais modernas, os equipamentos também, e ela não acompanhou o tempo. Nessa época ela se vinculou a editora Rocco e participou de muitos livros, editando, trabalhando neles, mais de cem. 

Fiquei só ouvindo. Expliquei o que eu fazia pela Betty, ela mesma não ligou muito, disse que nunca precisou de ninguém que fizesse as coisas por ela porque ela sempre deu conta de tudo. Mas abriu o jogo e falou pra mim que queria mesmo saber da Betty Faria, que lidou com filmes e produções, mas que a Betty não a conhecia, sim o inverso. Ficou feliz em saber que ela continua trabalhando, pela voz pareceu contente, com uma pontinha de saudosismo da própria profissão. Como quem vê outro fazendo aquilo que você ama, que queria um pedacinho pra si, mas sem querer tirar do outro. Tá certo que ela não era atriz, mas queria fazer parte do cinema...

Dona Alzira em poucos minutos me ouvindo disse que eu era o tipo de mulher que lia "Mulheres que correm com os lobos" e cá está o meu exemplar na estante. Esse livro também teve o trabalho da dona Alzira, mas nessa versão nova - comemorativa de 25 anos que eu tenho - não está o nome dela. Ela chegou a comentar do Élcio, me pediu desculpas pelo que tinha dito a ele, sendo que eu nem sabia de qualquer tipo de conversa. Pra ele pode não ter representado nada mesmo, mas ela me disse que achou que foi longe demais falando sobre dinheiro e espiritualidade. Nos despedimos e eu fiquei com aquela conversa boa repetindo na cabeça. 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Vir a ser

 O tempo vai passando como um vento furioso, não espera, não para, não diminui a velocidade. E eu me confundo armando tramoias, modificando o meu jeito de passar por ele. Ora corro atrás dele, na vã tentativa de alcançá-lo, ora olho pra trás, tentando agarrar com as mãos os seus vestígios, para soprar diferente. Quando então percebo que a minha força é inútil, sento, frustrada, e só o sinto passar. Se corro, se paro, se fico, se vou... Todas as artimanhas estão equivocadas. Preciso aprender a caminhar em direção favorável, dançando com ele, o tipo de dança livre que não se ensaia. 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Perspectiva

 A Meg é um passarinho, disso todo mundo sabe. Diferente dos outros passarinhos, a Meg não vai na mão de todo mundo, ao contrário, é só comigo. Já houve um episódio, dois ou três, em todos os seus pequenos 6 anos de idade, em que ela baixou a cabeça para um carinho para pessoas muito seletas.

Acompanho diariamente o comportamento e tendo a identificar características minhas. É coisa de tutor, pai e mãe forçar uma barra para ver nas crias suas próprias manias?  

Pois bem, a Meg é carente, muito apegada a mim e bastante medrosa. Não pode ver uma coisa estranha despontando na gaiola que já não chega perto. Novidade? Nem quer saber se é boa ou ruim, só não chega perto. Falei meia dúzia de coisas, penso se não é o que cabe de uma ponta da asa até a outra, mas gente não é tão grande assim, nem aguenta tantas características de uma vez só que se confunde. 

Será que eu sou assim tão medrosa e frágil? A Meg nem sonha que é assim, ameaça todos os medos dela com o biquinho aberto, mas quem vê de fora sabe que é uma brabeza sem fundamento. 

Eu... Passarinho... Meg Mariana, Mariana Meg. E aí, filha, quem me olha de cima escreve o mesmo de mim?

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Transborda?

Tenho tido sonhos perturbadores com a minha vida particular. Neles, sempre descubro mentiras, coisas que estavam acontecendo por detrás das minhas costas, principalmente traições, conversas entre pessoas que dizem o que realmente pensam (que é diametralmente oposto do que vejo na minha realidade). 

Elas falam frases e usam palavras que me machucam muito, como se eu fosse uma segunda opção, com pena, descartável. Eu não quero ser descartável para as pessoas. Também falam como se eu fosse responsável por tudo que acontecesse comigo, inclusive esse tratamento e a traição. "Agora que ele estava quase voltando a gostar de você".

Da última vez que tive sonhos e esse pensamento de que as pessoas mentiam, de fato muita coisa estava acontecendo. Mas será que está agora? Fico preocupada comigo mesma em estar forçando uma visão deturpada e irreal do meu presente, porque é só um pesadelo, só sensações, só sentimentos. Coisas que podem estar nascendo apenas na minha cabeça.

Seguindo um método recomendado pela psicóloga, penso em evidências que possam comprovar o que sinto. Vejo algumas, são elas:

- Igual que da última vez, acho que pessoas estão escondendo alguma coisa importante de mim. 

- Chego a pensar que essa perturbação pode nascer do sentimento ruim de outra pessoa (como inveja ou raiva) e aí essa energia negativa afeta a minha vida (?)

- Não estou falando e agindo normalmente com as pessoas, ou seja, estou mais calada/introspectiva/com a sensação de que incomodo ou vou incomodar os outros 

- Não estou satisfeita com meu corpo, ocupação e rotina. Ainda assim, tenho pouca força para mudar.

- Sinto como se eu fosse uma pessoa menos interessante, que tem menos a oferecer.


Eu vou ousar enfrentar essas evidências mesmo que sejam abstratas e possam mudar tudo que está posto na minha vida agora? Eu estou exagerando em acreditar que tudo pode mudar consideravelmente de novo?

Fora de toda objetividade, vejo-me ao lado de um poço de insegurança. Ou começo agora a tirar baldes e mais baldes para jogar fora ou sigo sentada no chão ao lado dele esperando transbordar.