terça-feira, 9 de abril de 2024

Eu sou essa pessoa a quem o vento chama

 Eu sou essa pessoa a quem o vento chama,  

a que não se recusa a esse final convite,  

em máquinas de adeus, sem tentação de volta.  

 

Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza.  

Eu sou essa pessoa a quem o vento leva:  

já de horizontes libertada, mas sozinha.  

 

Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,  

dizei-me: não quereis ou não sabeis ser sonho?  

Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga.  

 

Pelos mundos do vento, em meus cílios guardadas 

vão as medidas que separam os abraços.  

Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina: 

 

“Agora és livre, se ainda recordas”.  

 

MEIRELES, C. [Eu sou essa pessoa a quem o vento chama]. In.: Solombra. São Paulo: Global Editora, 2013

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