Amor e medo
II Ai! se eu te visse no calor da sesta, A mão tremente no calor das tuas, Amarrotado o teu vestido branco, Soltos cabelos nas espáduas nuas!... Ai! se eu te visse, Madalena pura, Sobre o veludo reclinada a meio, Olhos cerrados na volúpia doce, Os braços frouxos, palpitante o seio!... Ai! se eu te visse em languidez sublime, Na face as rosas virginais do pejo, Trêmula a fala a protestar baixinho... Vermelha a boca, soluçando um beijo!... Diz: que seria da pureza d’anjo, Das vestes alvas, do cantor das asas? Tu te queimaras, a pisar descalça, Criança louca, sobre um chão de brasas! No fogo vivo eu me abrasara inteiro! Ébrio e sedento na fugaz vertigem. Vil, machucara com meu dedo impuro As pobres flores da grinalda virgem! Vampiro infame, eu sorveria em beijos Toda a inocência que teu lábio encerra, E tu serias no lascivo abraço Anjo enlodado nos pauis da terra. Depois... desperta no febril delírio, Olhos pisados como um vão lamento, Tu perguntaras: qu’é da minha c’roa?... Eu te diria: desfolhou - a o vento!... ________ Oh! não me chames coração de gelo! Bem vês: traí-me no fatal segredo. Se de ti fujo é que te adoro e muito, És bela eu moço; tens amor, eu medo!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário