terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Círculo vicioso

 Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:

– "Quem me dera que fosse aquela loura estrela,

Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"

Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

 
– "Pudesse eu copiar o transparente lume,

Que, da grega coluna à gótica janela,

Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"

Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

– "Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela

Claridade imortal, que toda a luz resume!"

Mas o sol, inclinando a rútila capela:

– "Pesa-me esta brilhante auréola de nume...

Enfara-me esta azul e desmedida umbela...

Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"

ASSIS, M. Ocidentais. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. 

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