Estive hoje numa aula de doutorado. Havia poucas pessoas, um grupo bastante seleto de estudantes. Acompanhei boa parte da aula, mesmo não tendo lido o texto, mesmo não tendo feito um mestrado, mesmo não tendo nenhum tipo de projeto formal a respeito da literatura brasileira.
O tema da aula era bastante interessante, falamos sobre diários. Muitos pesquisadores daquela sala pesquisavam diários para colocar em seu trabalho o que eles entendem por autobiografia. Para variar, muitos conceitos difíceis foram debatidos, como: o que é uma escrita genuína? Se um escritor escreve um diário sabendo que um dia será lido, aquele texto está carregado dos olhares prévios de seus leitores?
No meio de tantos problemas e questões, viajei sobre minha própria experiência e bateu à porta o medo do narcisismo. Escrevo diários por toda minha vida, será que posso usar minha experiência nesta aula? A verdade é que escrevemos sobre o que nos incomoda e eu estou há três parágrafos narrando sobre a parte boa do meu dia, esperando o momento em que poderei expor aquilo que me magoa nesse momento.
O dia foi ótimo, a companhia também, mas... É mais urgente falar sobre o que dói?