quinta-feira, 23 de maio de 2024

Primeiras impressões de apresentações em meio acadêmico resumido numa poesia (mas depois fica tudo bem)

 Nunca conheci quem tivesse levado porrada. 

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. 

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, 
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, 
Indesculpavelmente sujo, 
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, 
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, 
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das 
etiquetas, 
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, 
  

[...] 

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo 
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, 
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... 

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana 
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; 
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia! 
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam. 
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? 
Ó príncipes, meus irmãos, 

Arre, estou farto de semideuses! 
Onde é que há gente no mundo? 

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? 

[...]  

 
Eu, que venho sido vil, literalmente vil, 
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. 

 

CAMPOS, A. Poema em linha reta. Disponível em: <http://arquivopessoa.net/>. Acesso em: 16 maio 2024 

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