quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Vir a ser

 O tempo vai passando como um vento furioso, não espera, não para, não diminui a velocidade. E eu me confundo armando tramoias, modificando o meu jeito de passar por ele. Ora corro atrás dele, na vã tentativa de alcançá-lo, ora olho pra trás, tentando agarrar com as mãos os seus vestígios, para soprar diferente. Quando então percebo que a minha força é inútil, sento, frustrada, e só o sinto passar. Se corro, se paro, se fico, se vou... Todas as artimanhas estão equivocadas. Preciso aprender a caminhar em direção favorável, dançando com ele, o tipo de dança livre que não se ensaia. 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Perspectiva

 A Meg é um passarinho, disso todo mundo sabe. Diferente dos outros passarinhos, a Meg não vai na mão de todo mundo, ao contrário, é só comigo. Já houve um episódio, dois ou três, em todos os seus pequenos 6 anos de idade, em que ela baixou a cabeça para um carinho para pessoas muito seletas.

Acompanho diariamente o comportamento e tendo a identificar características minhas. É coisa de tutor, pai e mãe forçar uma barra para ver nas crias suas próprias manias?  

Pois bem, a Meg é carente, muito apegada a mim e bastante medrosa. Não pode ver uma coisa estranha despontando na gaiola que já não chega perto. Novidade? Nem quer saber se é boa ou ruim, só não chega perto. Falei meia dúzia de coisas, penso se não é o que cabe de uma ponta da asa até a outra, mas gente não é tão grande assim, nem aguenta tantas características de uma vez só que se confunde. 

Será que eu sou assim tão medrosa e frágil? A Meg nem sonha que é assim, ameaça todos os medos dela com o biquinho aberto, mas quem vê de fora sabe que é uma brabeza sem fundamento. 

Eu... Passarinho... Meg Mariana, Mariana Meg. E aí, filha, quem me olha de cima escreve o mesmo de mim?

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Transborda?

Tenho tido sonhos perturbadores com a minha vida particular. Neles, sempre descubro mentiras, coisas que estavam acontecendo por detrás das minhas costas, principalmente traições, conversas entre pessoas que dizem o que realmente pensam (que é diametralmente oposto do que vejo na minha realidade). 

Elas falam frases e usam palavras que me machucam muito, como se eu fosse uma segunda opção, com pena, descartável. Eu não quero ser descartável para as pessoas. Também falam como se eu fosse responsável por tudo que acontecesse comigo, inclusive esse tratamento e a traição. "Agora que ele estava quase voltando a gostar de você".

Da última vez que tive sonhos e esse pensamento de que as pessoas mentiam, de fato muita coisa estava acontecendo. Mas será que está agora? Fico preocupada comigo mesma em estar forçando uma visão deturpada e irreal do meu presente, porque é só um pesadelo, só sensações, só sentimentos. Coisas que podem estar nascendo apenas na minha cabeça.

Seguindo um método recomendado pela psicóloga, penso em evidências que possam comprovar o que sinto. Vejo algumas, são elas:

- Igual que da última vez, acho que pessoas estão escondendo alguma coisa importante de mim. 

- Chego a pensar que essa perturbação pode nascer do sentimento ruim de outra pessoa (como inveja ou raiva) e aí essa energia negativa afeta a minha vida (?)

- Não estou falando e agindo normalmente com as pessoas, ou seja, estou mais calada/introspectiva/com a sensação de que incomodo ou vou incomodar os outros 

- Não estou satisfeita com meu corpo, ocupação e rotina. Ainda assim, tenho pouca força para mudar.

- Sinto como se eu fosse uma pessoa menos interessante, que tem menos a oferecer.


Eu vou ousar enfrentar essas evidências mesmo que sejam abstratas e possam mudar tudo que está posto na minha vida agora? Eu estou exagerando em acreditar que tudo pode mudar consideravelmente de novo?

Fora de toda objetividade, vejo-me ao lado de um poço de insegurança. Ou começo agora a tirar baldes e mais baldes para jogar fora ou sigo sentada no chão ao lado dele esperando transbordar.