quarta-feira, 19 de maio de 2021

Travesseiros de papel

 Quando as coisas não vão bem, percebo um esforço sobrenatural da minha parte de reafirmar a identidade: cuidar do meu corpo, pintar as unhas de preto, vestir aquilo que melhor enfatiza o meu gosto, ouvir músicas, ler poesias e, principalmente, ler mangás. 

Viajo para dentro de mim mesma fazendo esse pequeno carinho, aconchegando quem estava de lado, deixando que as mágoas se deitem sobre travesseiros e papel ao doce embalo de melodias decoradas. Uma hora a dor, que era quase tão grande quanto uma pessoa, se transforma em tinta e pixels e ocupa não mais o meu coração, mas esses travesseiros de papel. 

Recolho todos, organizo para guardar. Serão necessários no futuro, assim como aqueles sobre os quais me deitei antes.


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