domingo, 25 de março de 2018

Na teoria nos chamamos cidadãos

"de sua lógica explicativa, o Estado, na visão liberal, emergiria de um
contrato social. E para que este ocorresse, hierarquizavam duas modalidades –
ou estados – de vida dos homens: o “estado de natureza” ou o “estado civil”, sendo
este último a forma de vida humana mais “civilizada”e “progressista”, posto ter
como base o contrato social.

O “estado de natureza” – ainda que variasse sensivelmente entre os distintos
pensadores liberais do período – implicava num modo de vida “a-social”, onde os
homens viviam em permanente barbárie e guerra, obedecendo estritamente a
seus apetites individuais, seus desejos, seus instintos (Mendonça, 1998). Nesse
“estado”, o homem estava fadado ao próprio extermínio, pois as lutas frequen-
tes entre individualidades múltiplas levariam à destruição da própria espécie.

Tratava-se, assim, de um estado apolítico e nocivo, onde o convívio social sequer
se fazia possível. Se esta era uma das “leis” universais da conduta humana, algo
deveria ser feito para impedir a autodestruição dos homens.
E este “algo”, superada a interveniência divina, seria a “Lei”, derivada do
contrato social. Ou seja, um dado grupo de indivíduos decidiria, num dado mo-
mento, pôr fim a este estado – ou modo de vida – e, para tanto, todos eles de-
veriam abrir mão de seus direitos e prerrogativas individuais, em nome de um
outro elemento – o Soberano – tido por capaz de frear as consequências funestas
do “autogoverno” até então vigente. Essa era a origem do chamado “estado (ou
sociedade) civil”, sendo o termo derivado do latim civilitas – civilização – ou mes-
mo civitas – cidadão."


Mas na prática ainda me sinto na barbárie.


Nenhum comentário:

Postar um comentário