segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Teste de revistas de adolescentes

 Um dos prazeres da Mari adolescente era esperar a Toda Teen do mês chegar para folhear a revista e ler tudo, tudinho que era do meu interesse. No geral, a revista inteira era, mas às vezes surgia uma coisa ou outra que podia passar batido. A primeira parada era nos pôsteres do meio da revista, claro, sempre o Nx Zero, Crepúsculo ou outro dos meus amores da época. 

Depois, eu ia para os testes. Já não me lembro o que de verdade estava sendo testado, mas era algo muito importante, como o tipo de garota que eu ia ser, qual personagem de livro ou filme eu era ou se eu sabia qual era o tipo de beijo ideal para cada situação. Acho que eram coisas assim kkkk 

Era tão bom. Eu comprava a Toda Teen e as minhas colegas compravam a Capricho e a Atrevida, então todas nós poderíamos ler todas as revistas do mês. Custava perto de 4 reais, eu tinha que catar as moedas em casa e poupar o dinheiro da passagem de ônibus indo para os lugares a pé para dar conta de comprar a revista, os mangás do mês e todo meu arsenal de pacotes de figurinhas, artigos de papelaria, xuxinhas, brincos e enfeites para o cabelo. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Claridade

 A sinceridade deve ser meu ponto forte e meu ponto fraco também. As pessoas que se aproximam de mim vêem que tudo que eu faço e falo é sincero, que eu sinto e transpareço tudo. O problema é que eu sinto e transpareço tudo mesmo. Não tem mistério ou dúvida, não tem meio termo, ou é sim ou é não. Minha sinceridade expõe demais os meus sentimentos e acabo ficando desguarnecida porque as pessoas no geral não são assim. Ou eu aprendo a desviar um pouco dessa minha qualidade ou espero menos das pessoas.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Quando a expectativa é grande demais, não se abre o champanhe

 Hoje falei por vinte minutos com uma senhora que nunca vi. Élcio diz que é uma mulher sozinha, sem família, sem parentes e sem filhos. Falei com ela por telefone e todas as coisas que havia pensado sobre ela caíram por terra. Ela não era nem um pouco frágil ou pequena, não era daquelas senhorinhas que precisam ser carregadas, inofensivas. Muito pelo contrário, me contou que trabalhou com cinema, que operava maviola, mas que o que aconteceu na época do Collor, de não ter nenhuma produção de filmes brasileiros por cinco anos foi uma porrada e tanto, da qual ela não se levantou. As coisas ficaram mais modernas, os equipamentos também, e ela não acompanhou o tempo. Nessa época ela se vinculou a editora Rocco e participou de muitos livros, editando, trabalhando neles, mais de cem. 

Fiquei só ouvindo. Expliquei o que eu fazia pela Betty, ela mesma não ligou muito, disse que nunca precisou de ninguém que fizesse as coisas por ela porque ela sempre deu conta de tudo. Mas abriu o jogo e falou pra mim que queria mesmo saber da Betty Faria, que lidou com filmes e produções, mas que a Betty não a conhecia, sim o inverso. Ficou feliz em saber que ela continua trabalhando, pela voz pareceu contente, com uma pontinha de saudosismo da própria profissão. Como quem vê outro fazendo aquilo que você ama, que queria um pedacinho pra si, mas sem querer tirar do outro. Tá certo que ela não era atriz, mas queria fazer parte do cinema...

Dona Alzira em poucos minutos me ouvindo disse que eu era o tipo de mulher que lia "Mulheres que correm com os lobos" e cá está o meu exemplar na estante. Esse livro também teve o trabalho da dona Alzira, mas nessa versão nova - comemorativa de 25 anos que eu tenho - não está o nome dela. Ela chegou a comentar do Élcio, me pediu desculpas pelo que tinha dito a ele, sendo que eu nem sabia de qualquer tipo de conversa. Pra ele pode não ter representado nada mesmo, mas ela me disse que achou que foi longe demais falando sobre dinheiro e espiritualidade. Nos despedimos e eu fiquei com aquela conversa boa repetindo na cabeça.